Aqui onde moro tenho por vizinho o antigo depósito da fábrica Robinson, que até o seu nome deu a uma rua da Comenda, tal foi o impacto que teve na vida desta aldeia.
Como conta Susana Pacheco, "a Fábrica Robinson foi uma fábrica dedicada exclusivamente à transformação de cortiça nos mais variados produtos, desde rolhas, bóias, aglomerados branco e negro (o produto de excelência desta fábrica e que a colocou como uma referência no sector corticeiro a nível mundial), entre outros".
As instalações da fábrica permanecem de pé mas fechadas, no topo da colina mais alta onde se ergue a cidade de Portalegre.
Esta fábrica foi uma iniciativa da família Reynolds nos inícios da década de 1820. Thomas Reynolds, conta ainda Susana Pacheco, era um marinheiro que se sentiu atraído pelo negócio do vinho, que o levou a fixar-se no Porto com os seus dois filhos, "A óbvia relação entre o vinho e a cortiça leva-os, anos mais tarde, por volta de 1838, a dedicarem-se a esta outra atividade industrial, fundando a sua primeira fábrica de rolhas em Albuquerque, Espanha. Esta família terá tido o domínio do comércio de cortiça na região da Extremadura Espanhola até 1845, "não se sabendo ao certo em que ano terão decidido estabelecer uma fábrica em Portugal, mais precisamente em Portalegre", numa região com vastos recursos no que à cortiça diz respeito.
O negócio seria de pavio curto devido a uma dívida de um dos filhos e o negócio acabou por ser passado para uma família inglesa que se virá então a fixar em Portalegre, em 1848.
George William Robinson adquiriu esta manufatura corticeira e valeu-se do seu conhecimento da indústria de transformação de cortiça, negócio da sua família em Haliax. E a Robinson floresceu, tendo passado para mãos de acionistas portuguesas em 1946, assim permanecendo até ao seu encerramento, em 2009, embora a informação que perdura na sua fachada indique a data de 1990.
Também conhecida como 'Fábrica da Rolha', a Robinson, já com os seus donos portugueses, destacou-se na produção de 'aglomerado negro' enquanto mantinha a produção de rolhas.
A cidade de Portalegre muito deveu o seu desenvolvimento a esta unidade fabril que empregou milhares de pessoas enquanto laborou.