A Robinson também naufragou mas a sua memória sobrevive na nossa Comenda

 


Desde que cheguei à Comenda, a Rua Robinson sempre me intrigou. Pensei primariamente nas aventuras do célebre náufrago inglês que teve Sexta-Feira como criado e amigo e que povoou o meu imaginário infantil quando li o livro de Daniel Defoe. Era tiro na água na certa, como logo confirmei.
Este Robinson é apenas o apelido de uma família inglesa que criou em Portalegre um pequeno império da transformação de cortiça, tendo empregado no seu auge mais de 500 pessoas e ficando conhecida como 'Fábrica das Rolhas'.
A sua história pode ser consultada aqui com todo o detalhe.


O nome 'Robinson' perdura na Comenda porque a fábrica portalegrense teve aqui um grande espaço de armazenagem, da atual Rua Robinson até à Rua do Monte da Pedra. 


Junto ao portão da propriedade hoje na posse de um antigo trabalhador da fábrica, e que está muito bem tratada, esta imagem de três ciclistas captou a minha atenção. Se mais alguém conseguir acrescentar informação, agradeço penhoradamente.

A Robinson encerrou a sua atividade em 2009 depois de uma longa agonia mas a sua memória persiste na nossa terra, que soube honrar o esforço de empresários e trabalhadores que conseguiram gerar riqueza numa região hoje tão deprimida demograficamente e com elevado défice industrial. A cortiça ainda tem o seu valor, é certo, mas, como todos sabemos, outros impérios se levantaram e outros caminhos foram tomados.
Prometo em breve desenvolver este tema. Para já, fica lançado o mote.

O contributo de Duarte Nuno Tapadas:


Acrescenta Ricardo Branco, a propósito desta foto:
De salientar que o da frente era o carteiro e fotógrafo (maior contribuinte do #ArquivoDigital, pela mão do seu filho Armando Fitas Castanho), homem dos 7 ofícios!



O contributo de Jorge Graça:
A Robinson era um lugar de brincadeira. Depois de vir da escola primária, brincávamos no meio dos montes de cortiça aos cowboys e índios. O responsável do entreposto de cortiça dava-nos essa liberdade.


O Contributo de Luís Guedelha:
Algumas  vezes cheguei eu a ir ter com o meu pai (o ti pão mol)aqui dentro destes portões da Robinson onde o via a tirar falca ,a enreidar cortiça  e às vezez a  carregar  as camionetes e reboques de redes de cortiça. 
Quem diria nesse longo tempo passado  que eu faria isso tudo com 15/16 anos nas herdades do Vale de Grou, Braçal e Polvorosas.

Ainda Duarte Nuno Tapadas :

Havia três depósitos corticeiros pertencentes à Robinson: Comenda, Alcains e Ponte de Sôr. 
O meu avô trabalhou nos três.