.jpg)
Hoje, a iluminação pública de Castelo Cernado/Comenda é toda feita através de lâmpadas LED - de menor consumo e luminosidade mais definida - e a verdade é que em muitas grandes cidades portugueses ainda vemos a já ultrapassada luz amarela.
Mas a história da eletricidade na Comenda nem sempre foi tão luminosa. Nesta imagem do Arquivo Digital da Comenda dá para ver ainda a antiga iluminação a combustível. com destaque para os belos candeeiros que a Câmara de Castelo de Vide quis comprar mas que não conseguuu porque na altura do pedido já tinham sido todos vendidos, cinco dois cais a Nisa. Foi pena não ter ficado um, para memória futura.
A eletrificação da Comenda aconteceu no dia 30 de agosto de 1963 mas o processo foi longo, conforme resulta das notas colhidas por Luís Vieira.
"Lembro-me como se fosse hoje. Apanhei um dos maiores sustos da minha vida, pois um dos foguetes não subiu e rebentou mesmo aos meus pés e eu sem poder fugir pois estava no degrau duma porta que estava fechada. As pessoas todas a gritar, eu assustada, nunca mais esqueci. Tinha uns 17 anos agora tenho quase 80, mas não esqueço.", escreveu Leopoldina Amêndoa no Grupo de Amigos da Comenda.
"Vi o Bispo de Portalegre benzer a estação eléctrica e alguém puxou o manípulo e fez-se LUZ, isto tudo na Largo do Mato Laranjal quando se vai para a igreja. Eu devia ter uns 7 anos", escreveu, no mesmo grupo, Jorge Graça.
"Lembro de ver a rua cheia de gente a passear e que houve uma grande festa no salão do senhor João Flores, onde se juntaram as principais individualidades", acrescentou Pedro Chambel.
Capitolino Rosa Couveiro, por sua vez, contou a Jorge Branco, no livro 'Comenda com Gente', que o salão de João Flores estava a abarrotar de gente e que foi montado um altifalante para os discursos. A figura principal era o dr. Proença. um natural de Tolosa que era então o Ministro das Corporações. Apenas houve uma nota dissonante nos discursos, quando José Rosa criticou algumas situações, tendo sido convidado pelo Governador Civil de Portalegre para ir ao seu gabinete expor os problemas. Capitolino Couveiro refere que a inauguração foi no ano de 1962 e deixamos, portanto, em aberto esta questão, até confirmação absoluta.
A 3 de agosto de 1961, a Hidro-Elétrica Alto Alentejo enviou a planta do posto de transformação, isto já depois de proceder à marcação das linhas de baixa tensão, estando pronta para iniciar os trabalhos. O processo, iniciado em 1949, quando foi mandada tirar uma planta da sede de freguesia ao engenheiro Batista Tavares, estava próximo do seu fim - uma planta que custou 4.500 escudos e que se destinava à eletrificação de Castelo Cernado.
Muito tempo passou desde então e hoje damos por adquirido este serviço mas está visto que o processo não foi fácil e foi moroso.
Hoje, a Comenda prepara-se já para ter uma das primeiras comunidades energéticas do país, recorrendo ao uso de painnéns fotovoltaicos.
FERNANDO MARTINS OLIVEIRA COMENTOU:
"Na esquerda a tasca do ti João Cortez, na direita a da ti Maria da Beira."
RICARDO BRANCO COMENTOU:
"Um pequeno detalhe, que poderia ter passado despercebido a muitos, mas que de facto tem toda a relevância ser salientado nesta foto por ser um dos poucos registos do Arquivo desta memória longínqua, quase perdida no tempo, nos anos 50 do século passado. Como já foi explicado anteriormente, estas luminárias públicas funcionavam a querosene e dependiam do "acendedor de lampiões", na versão brasileira do termo, para as acender e reabastecer, noite após noite."
JORGE GRAÇA COMENTOU:
'Este lampião que se vê na foto, havia outros distribuídos pela aldeia, mas poucos, um estava em frente do Café da Zefa Porfíria. Nunca os vi acesos, dizia quem os viu acesos que era a azeite. A Comenda antes de haver luz eléctrica era uma escuridão completa, era óptimo, via-se todas as estrelas só se via alguma luz ao longe quando alguém acendia um cigarro e as pessoas só se viam quando estavam frente a frente e era óptimo para o namoro à janela."