A Câmara Municipal de Gavião decidiu hoje, por unanimidade, aumentar em 30% a componente relativa aos resíduos que surge na fatura da água.
Tal como precisou o presidente da Câmara, numa fatura de 10 metros cúbicos de água o aumento será de 6,20 para 8,10 euros nos consumidores domésticos e de 7,55 para 9,30 euros nos outros consumidores.
Um aumento que acontece porque, segundo António Severino, os valores que estavam a ser cobrados "eram muito baixos" e, por isso, "não há volta a dar".
Tudo isto porque há muito tempo que o município não atualiza tabelas de forma a acompanhar o aumento substancial dos custos relativos à recolha e transporte de resíduos e à sua deposição no aterro da Concavada. Um processo na primeira fase da responsabilidade da SUMA e na segunda da VALNOR.
A Valnor, por exemplo, em 2024 cobrou à Câmara Municipal de Gavião 51,90 euros por tonelada e em 2026 vai passar a cobrar 83,20 euros. Quanto à SUMA, estava a cobrar pela recolha e transporte do lixo urbano 63,85 euros em 2022 e vai passar a cobrar 103,48 euros por tonelada no próximo ano.
"Era uma situação insustentável para a Câmara", referiu António Severino, preocupado com uma despesa pesada na hora do acerto de contas com estas empresas, tendo em conta a cobrança feita na fatura da água aos consumidores.
"Isto disparou", desabafou o líder da autarquia gavionense.
Contas feitas, por tonelada de resíduos a VALNOR e a SUMA vão cobrar 186 euros.
"Será que não vale a pena pensar em voltar a ter o serviço de recolha e transporte municipalizado?", questionou o vereador Vítor Filipe, com António Severino a responder que essa é uma questão complexa e a referir que, para além das indemnizações, só a compra de um veículo de recolha de lixo custa 400 mil euros.
O presidente da Câmara salientou que apenas o município de Marvão estava a cobrar uma taxa de resíduos inferior à de Gavião, que estava a cobrar 1,65 por tonelada na recolha e transporte e 2,40 euros relativamente à deposição em aterro. Passando agora a cobrar, respetivamente 1,65 euros e 2,85 euros. A média dos municípios do Alto Alentejo relativa à recolha e transporte é de 2,76 euros, ficando assim acima de Gavião (1,65 euros).
Este aumento não atira, nem de longe nem de perto, Gavião para o grupo dos municípios que mais "penalizam" os consumidores e reflete a necessidade de evitar que o orçamento da Câmara seja erodido pelos acertos de contas a fazer, tentando que o que é cobrado aos consumidores na fatura da água se aproxime dos custos a reclamar por SUMA e VALNOR.
Note-se que a Câmara de Gavião reve o cuidado de regulamentar especialmente os consumos das instituições sociais, que passarão a pagar pela tabela dos consumidores domésticos e não comerciais e industriais.
Há um descontentamento latente entre as autarquias do Alto Alentejo face aos aumento galopante dos custos com as empresas que fazem a recolha, transporte e tratamento dos resíduos, sendo que na Valnor os municípios têm 49% da operação mas não a decisão, que pertence a privados.
Um novo modelo poderá estar já a ser equacionado para daqui a quatro anos, quando os contratos expirarem, não podendo ser colocada de parte a possibilidade de os municípios envolvidos (que não são apenas autarquias do Alto Alentejo) avançarem para uma situação com gestão própria, em modelo de gestão intermunicipal (tal como já acontece na AAA). Mas até lá...será assim, na certeza de que estes custos não irão baixar...
Ou seja, o lixo é cada vez mais um luxo.
