Na nossa última publicação demos conta do aumento da fatura da água relativamente à componente dos resíduos, o que motivou um descontextualizado coro de criticas à empresa intermunicipal Águas do Alto Alentejo. Empresa que apenas é barriga de aluguer da faturação de resíduos e saneamento, pelo menos enquanto não se encontrar outra maneira para faturar a recolha, transporte e tratamento do lixo e o saneamento.
Vamos aproveitar, por isso, para falar da AAA e da sua evolução no serviço, pese embora três anos de prejuízos acumulados desde que foi fundada.
Para que conste, a AAA, de outubro de 2024 a novembro deste ano, substituiu 30 mil contadores num total de 40 mil e já desenvolveu um programa piloto de contadores inteligentes (contadores que, por telemetria, fazem a contagem real ao minuto). Por outro lado, o trabalho e o investimento desta empresa que reúne dez municípios atualizou o cadastro de 500 quilómetros de rede e reparou 680 fugas que não se identificam à superfície, tendo ainda detetado 102 ilícitos de consumo de água não faturada.
Neste seu esforço, a AAA conseguiu reduzir em 12 por cento a água não faturada mas esta taxa continua alta (42%). É um esforço que continua a ser feito, de forma a aumentar a eficiência via a reparação de roturas e a deteção de ilícitos. Com os novos contadores, os casos de desvio de água da rede passam também a ser mais facilmente detetados.
Com tudo isto, a AAA reduziu em 400 mil m3 a água comprada à Águas do Vale do Tejo.
É importante também notar que as famílias dos dez municípios que têm a sua rede de distribuição de água assegurada pela Águas do Alto Alentejo pagam pela água um valor muito abaixo da média nacional e são os municípios - à exceção de Avis e Monforte, que não integram a AAA - que têm a água mais barata do país.
Ou seja, não é a água que está cara mas sim as taxas de resíduos e saneamento que viajam à boleia na fatura da água. Algo que qualquer um de nós pode comprovar se analisar bem a fatura que recebe todos os meses.
Aliás, os especialistas nesta matéria tendem a dizer que um dos problemas do abastecimento de água em Portugal se deve ao facto de aqui a água ser, no geral, muito barata, em comparação com outros países.
Nos dez municípios abrangidos pela Águas do Alto Alentejo mil litros de água (1m3) custam 64 cêntimos. Uma mini quase custa o dobro e só tem 20 cl.
Agora imaginem que a cerveja estava ao preço da água da torneira.
