Vítor Filipe: "Não fui vereador contra, fui vereador por"

 


Vítor Filipe garantiu (embora apenas por dez votos, após validação da contagem pela juíza do tribunal de Ponte de Sor) um lugar na vereação e na última reunião do atual executivo fez uma intervenção.

Para o vereador social-democrata, estes foram quatro anos "de trabalho, de debate, de decisões difíceis e de muitas aprendizagens", com o seu trabalho a ser rematado "exatamente como o comecei: com a mesma ideia fixa de transparência, rigor e proximidade".

"Ao longo deste mandato mantive coerência com aquilo em que acredito. Quando propus gravar as reuniões e pedi atas fiéis ao que realmente aqui se discute, fi-lo porque a democracia local vive da memória e da clareza. Quando escrutinei orçamentos e alterações orçamentais, incluindo rubricas da Cultura, não criei ruído: respeitei quem paga impostos e merece saber onde e como se investe cada euro", desenvolveu.

"Quando questionei os custos e o modelo de apoio a eventos como o Beat Fest, tratei de custo–benefício para a comunidade e de equidade entre entidades privadas, defendendo critérios claros e prestação de contas. Quando trouxe a preocupação com a qualidade da água — o cheiro, o desconforto nas casas das pessoas — falei por milhares de torneiras, lembrando que serviços essenciais têm de ser exemplares. Quando me opus a aumentos de taxas e tarifas, nomeadamente nos resíduos e nas atualizações automáticas pela inflação, fi-lo por convicção: o poder público deve ser o primeiro a dar o exemplo na contenção e no equilíbrio. Quando saudei o trabalho da CPCJ e de outras instituições, mostrei que a oposição também é construtiva e reconhece o que está bem. Quando apontei falhas de comunicação entre a Câmara e as Juntas de Freguesia, foi para construir pontes em vez de trincheiras", disse ainda.

"O sucesso do novo presidente será o sucesso de Gavião"

Vítor Filipe quis ainda acrescentar "uma palavra muito especial ao atual Vice-Presidente e já Presidente eleito do Município de Gavião".

Dirigindo-se a António Severino, afirmou:

"Deixo-lhe um cumprimento extensivo e sincero, sublinhando o carácter que lhe reconheço: trabalhador, sereno, disponível, com sentido de serviço público, capacidade de ouvir e de construir consensos. Ao longo destes anos, mantivemos uma relação de respeito e consideração mútuos; discordámos de ideias, como é natural numa democracia viva, mas nunca abdicámos dos princípios, do fair play institucional e do diálogo leal. À margem de cores políticas — porque a política autárquica faz-se de pessoas para pessoas — desejo-lhe o maior sucesso no exercício das novas funções. O sucesso do Presidente será o sucesso de Gavião; e encontrará em mim um vereador exigente, mas leal e cooperante nas causas que façam avançar o nosso concelho".



Mas José Pio, que logo de seguida iria dirigir palavras pouco agradáveis, também mereceu algumas palavras:

"Quero também deixar um agradecimento público ao atual Presidente da Câmara, José Pio. Reconheço-lhe a experiência, a serenidade e a dedicação com que conduziu os trabalhos municipais, a disponibilidade para o diálogo e o respeito institucional que sempre pautou as nossas reuniões, posso dizer que foram poucas as vezes em que os ânimos azedaram. Obrigado pelo serviço prestado a Gavião e pela forma correta e firme com que liderou o executivo."

"Não ataquei pessoas, combati problemas"

À vereadora Graciosa Chambel, que está de saída, Vítor Filipe dedicou igualmente parte da sua intervenção. "O meu reconhecimento pela capacidade de trabalho, pela atenção aos dossiês que lhe foram confiados, e pela cooperação institucional — mesmo quando divergimos, foi possível manter uma conversa séria, respeitosa e focada no interesse público", referiu.

Rui Vieira, vereador eleito pela CDU, justificou igualmente uma referência.

"Deixo-lhe o meu sincero apreço pela frontalidade, pela coerência e pela seriedade do debate. A democracia precisa de pluralidade e de quem a exerça com respeito; agradeço-lhe a disponibilidade para construir pontos de entendimento sempre que foi possível, sem abdicar das convicções", sublinhou.

 "Este é o ciclo que hoje fechamos: um tempo de fiscalização firme, de propostas concretas e de respeito institucional. Não ataquei pessoas; combati problemas. Não fui “vereador contra”; fui — e serei — vereador por: por Gavião, pelas nossas freguesias, pelas nossas famílias", concluiu.