Câmara de Gavião diz não a 'comboio' de painéis e eólicas

 


Estão já em curso os processos para a instalação de mais três centrais de produção de energia fotovoltaica e dois parques eólicos no concelho de Gavião e que implicam com este, a juntar aos dois parques solares já em andamento na Margalha e no Polvorão. Ou seja, num par de anos o concelho de Gavião poderá contar com cinco parques solares instalados ou com linhas a passarem por aqui.

Mas a Câmara Municipal de Gavião desde já diz "não" a mais projetos de energias renováveis. E fá-lo por unanimidade, isto é, também com o apoio dos vereadores dos partidos da oposição.

Na última reunião de Câmara, presidida por António Severino, esta questão foi esmiuçada com preocupação. Acresce que todos estes projetos acarretam também a passagem pelo nosso território de cinco novas linhas de transporte de muito alta tensão. Linhas que terão, segundo o vice-presidente da Câmara, "grande impacto visual".

Para quem nos segue aqui nada disto é novidade pois no passado dia 23 de janeiro demos, em primeira mão mais uma vez, a notícia.

No caso das instalações de éolicas, com torres com 130 metros de altura, a Amieira Cova e S. Bartolomeu serão os locais mais afetados.

Uma das centrais, dita central da Comenda, projetada para próximo do Moinho do Torrão, nem precisou de estudo de impacto ambiental.

"O concelho de Gavião é o mais sacrificado e poderá ficar com mais de 2% do seu território ocupado por painéis solares", referiu António Severino, na rejeição destes projetos da Endesa e de outras empresas de produção de energia verde.

O vice-presidente entende que são projetos com grande impacto visual e que colidem com a intenção da autarquia em apostar no turismo e na atratividade do concelho. Em jogo estão 721 milhões de euros e será muito dificil colocar um travão a estes projetos pois o mais certo é serem classificado como PIN, ou seja, Projetos de Interesse Nacional.

Mais a mais, as outras câmaras envolvidas (Abrantes, Constância, Crato, Ponte de Sor e Chamusca) estão desde já recetivas a dar luz verde ao que vem aí.

Bastará o "não" da Câmara de Gavião para travar desde já estes projetos mas só temporiamente. As empresas de energia já estão no terreno e a contactar proprietários, como está a acontecer no Moinho do Torrão.

Estas instalações irão proporcionar, segundo o que está programado, 61 postos de trabalho diretos e 141 indiretos.

"Dizer não vale o que vale...", chegou a desabafar António Severino, antes de ouvir os vereadores Rui Paulino e Vítor Filipe também a pronunciarem-se contra este comboio de centrais solares e eólicas que está a chegar a Gavião.


A verdade nua e crua aponta para, apesar do protesto da autarquia gavionense, a aprovação e execução de todos os projetos que estão agora a sair do forno. O que vai fazer, por exemplo, com que grande parte da área entre a nacional 118, no alinhamento com as Degracias e a Atalaia, e a estrada municipal para a Ferraria fique povoada de painéis solares através das centrais da Margalha, da Atalaia e do Polvorão.