Esta é outra foto recente da chamada Estrada das Pinheiras, um singular caminho da freguesia de Comenda integrado na Herdade do Polvorão. A publicação hoje de uma outra imagem deste "spot" que bem merecia entrar no roteiro das coisas a ver no concelho de Gavião - tal como mais alguns que permanecem esquecidos em detrimento de obras de tijolo e cimento - suscitou uma série de comentários e informações que nos levaram a reavivar a memória de um evento meteorológico que marcou também a história da Comenda: o ciclone do dia 15 de fevereiro de 1941.
Aconteceu vai fazer sábado 84 anos. A força do sistema de depressões fez-se sentir sobretudo durante a tarde e varreu praticamente todo o país.
Em Torres Vedras, por exemplo, fez isto num local onde se fazia uma sondagem para encontrar petróleo (uma saga nacional já com alguns anos!). O ciclone provocou muitos estragos e fez mais de uma centena de mortos em todo o país. Os prejuízos causadas foram o equivalente a metade do orçamento de Estado desse ano. Na zona de Abrantes, houve notícia da queda de mais de 200 mil árvores!
A Comenda obviamente não escapou e uma das consequências dos efeitos do ciclone sentiu-se bem na Herdade do Polvorão, então em plena atividade produtiva.
Conforme nos informa Célia de Matos, estas pinheiras que vemos na imagem de capa foram plantadas precisamente após o ciclone e estão, por isso, perfeitamente datadas, ou sejam, caminham para o centenário.
"Aquela zona da Herdade do Polvorão ficou quase sem árvores", refere Célia de Matos. Do portão da herdade segue marginada por eucaliptos e depois estes dão a vez às pinheiras. passando a estrada a ser acompanhada por eucaliptos até ao Vale Frio. Aliás, se atentarem do lado direito da imagem está um curioso bouquet de eucaliptos, onde nasceram vários troncos na antiga origem de uma das austrálias...
Os eucaliptos plantados na altura deram já origem a outros mas as pinheiras, essas, permanecem.
Alexandre Mendeiro diz-nos que este era o caminho que se fazia para ir para a Ferraria quando vinha da Perna do Arneiro.
A estrada que conhecemos para a Ferraria segue outro trajeto e é posterior a este caminho que se vislumbra ainda, não muito distante, depois do monte do Polvorão, do atual traçado da estrada municipal.
Embora em terreno privado, esta Estrada das Pinheiras bem merecia ser um local de acesso e usufruto público. Com muito menos já vimos outros fazerem uma grande festa na promoção do património local e do turismo.