Embora com o aviso de que a qualidade da água não está controlada (vá-se lá saber porquê), a Fonte do Vale do Grou continua a ser um local de abastecimento público não só para as gentes da Comenda. Esta é apenas uma das muitas fontes da Comenda, muitas delas já fora do ativo.
Este sábado estivemos lá cerca de uma hora, a meio da tarde, e foram quatro os veículos que ali chegaram a fim de abastecimento de água em garrafões, para consumo caseiro.
A nossa amiga Sameiro recusa-se a beber água desta fonte pois diz que pode vir do cemitério, ali próximo. Mas pode estar descansada. Quem conhece bem a história desta terra, o que não é o meu, pois só vim cá ver a bola, garante que não. A água nasce no cabeço a poente das bicas (monte à esquerda da estrada para quem vem da Comenda ) e passa por uma arca de água que até reduz o ímpeto da corrente da água através de um ressalto. Essa arca encontra-se em frente da fonte, no outro lado da estrada.
A fonte foi mandada construir por Jorge Basto, proprietário da Herdade da Comenda, na década de 30 do século passado. Jorge Basto foi o homem que se tornou sócio da fábrica IFAL (Indústria Florestal do Alto Alentejo) quando contribuiu com os terrenos onde esta unidade fabril foi construída, em 1962. Conforme conta Lourenço Domingos Flores a Jorge Branco, no imprescindível 'Comenda com Gente', Jorge Basto foi quem trouxe para a Comenda Caldeira Cabral (também já citado como Caldeira Coelho), diplomata e homem de capitais, o homem que liderou o processo da fábrica de tacos que encerrou em 1982, depois dos soluçantes anos que se seguiram a abril de 74.
O senhor Sertório, com quem conversamos há poucos dias, lembra-se de estar no cabeço de onde brota a nascente que abastece esta fonte a ajudar a arranjar a canalização, que na altura se encontrava obstruída, gerando quase um pingar gota a gota das bicas. Mais recentemente, a junta de freguesia da Comenda também por ali andou a fechar as arcas de água e a modernizar a tubagem.
Por isso, é garantido. Esta água que sai fresca e em quantidade, abastecendo ainda um tanque nas traseiras da fonte, vem do alto e não passa pelo cemitério.
Onde a água já não corre é nesta fonte dentro da Herdade da Comenda, com gravação epigráfica com data de 1763.
De que sobra apenas o resultado do passar do tempo e de algum vandalismo.