O que impressiona quando visitamos a aldeia do Pisão, no concelho do Crato, é o excelente estado das suas casas, de que é exemplo esta imagem.
Para quem ainda não percebeu, até 2025 estas casas e as outras da aldeia ficarão debaixo de água devido à construção, com início para o primeiro semestre do ano que já está a correr, da barragem do Pisão, um empreendimento já muitas vezes prometido e nunca concretizado. Parece que é desta, graças ao pacote financeiro do PRR.
Se olharem para esta imagem veem o edifício da junta de freguesia e sobre o telhado da casa ao lado um pouco de uma empena de uma casa branca, lá atrás. Essa será a única casa que não será submersa. Toda a restante aldeia, linda como está, irá para debaixo de água.
A ministra da Agricultura esteve recentemente na aldeia, para a entrega da execução da obra à comunidade intermunicipal do Alto Alentejo, que ali esteve representada pelo seu presidente, Hugo Hilário, também presidente da Câmara de Ponte de Sor. Foi com surpresa que verifiquei que os habitantes do Pisão contactados, quase todos idosos, mostraram alegria pela construção da barragem que finalmente vai avançar.
Os habitantes do Pisão têm como alternativa ir viver para o Crato ou para uma nova aldeia que será construída perto do paredão da barragem, junto ao IC13. O processo ainda não é claro mas Joaquim Diogo, presidente da Câmara do Crato, foi dando garantias de que o prometido será devido.
O tempo não para e outras aldeias portuguesas já desapareceram devido a barragens, sendo que esta se destina sobretudo ao regadio e à distribuição de água potável, com anunciados benefícios para os 108 mil habitantes do Alto Alentejo.
Uma albufeira tem sempre um forte impacto e esta vai também fazer desaparecer uma vasta mancha de sobreiros. Vamos partir do princípio que tudo foi devidamente... pesado também pela Agência Portuguesa do Ambiente, que neste momento esteve representada pelo seu vice presidente, Pimenta Machado.
Mas só o futuro nos dirá se houve mais ganhos que perdas. Sendo certo que estas casas lindas de uma aldeia de fundo de montes vão passar a ser apenas uma memória. Também por isso estivemos lá. Vamos ver se ainda podemos voltar para provar o famoso galo do leonino Café Central.