Da Comenda a Gaia, passando por Chança, para uma viagem na Linha do Leste

 


A imagem que estão a ver foi tirada desta a estação de Chança, já no concelho de Alter do Chão, entre as estações do Crato e de Torre das Vargens.

Aprovei o facto de agora a Linha do Leste - que chegou a estar encerrado ao trânsito de passageiros - ter dois comboios de passageiros por dia, em cada sentido, para viajar até Gaia.

Da Comenda a Chança é quase a mesma distância que da Comenda à estação de Belver.

Desde logo, surpreendeu-me o abandono do apeadeiro de Chança. Apenas um horário afixado numa das portas, edifício principal completamente fechado, ausência de casas de banho (tal como em Belver) e nem um banco para nos sentarmos à espera do comboio.

A Allan vinda de Badajoz chegou com 13 minutos de atraso e cumpriu a sua missão apesar de ter sido fornecida pelos holandeses à CP em meados da década de 50 do século passado. A composição ferroviária, que inclui máquina a diesel e espaço para os passageiros em veículo único, já foi entretanto remodelada mas dá para perceber a antiguidade pois mexe mais que uma brasileira a dançar samba.


A viagem até ao Entroncamento é um prazer e à passagem pela estação da Torre das Vargens, de onde derivava, para a Cunheira (aqui tão perto) o ramal de Cáceres, o comboio de mercadorias com 28 vagões que passou por mim na Chança a caminho do Entroncamento esperou pelo meu e pelo que se dirigia para Badajoz, que ali se cruzaram.

Em Torre das Vargens a situação parece bem melhor que em Chança, pelo menos não dá ares de abandono e os seus bancos estão pintados e têm mensagens em várias línguas, até em mandarim, logo a seguir ao 'Boa Viagem'.

Sim, foi uma boa viagem e foi também bom perceber que o comboio chegou quase cheio ao Entroncamento, com mais de 50 passageiros. O jovem revisor mostrou grande fluência quando falou em inglês com um grupo de jovens estrangeiros e foi de grande amabilidade para com outros passageiros. "Hoje já fui a Badajoz", disse para quem que conhecia e que entrou em Ponte de Sôr. Um dia destes também lá iremos, na velha Allan, assim ela se mantenha sem as avarias que dizem ser frequentes.

Numa região com tanto défice de transportes, ter a possibilidade, desde a Comenda, de desfrutar de serviço ferroviário na Linha do Leste e na Linha da Beira Baixa cheira a privilégio de não esmiuçarmos muito o assunto (pois, na volta tiveram de me ir buscar ao Entroncamento, pois a partir do fim da tarde acabaram-se as ligações para aqui).

Cá fica o registo de uma viagem que espero repetir agora com destino a Espanha ao som do popular Chança-Mata-Crato...