Voltamos hoje ao tema das eleições autárquicas e da demografia tendo apenas como estudo de caso o número de eleitores e votantes na freguesia de Comenda nos últimos 20 anos.
Em 20 anos, a freguesia mais alentejana de Gavião perdeu 307 eleitores, passando de 930 nas eleições de 2005 para 623 nas eleições de outubro deste ano. Ou seja, em vinte anos apenas a freguesia perdeu mais de um terço dos seus eleitores, embora a cadência de perda tenha sido abrandada entre 2021 e 2025, quando a freguesia perdeu apenas 28 eleitores, por contraste com as anteriores perdas (menos 76 de 2005 para 2009, menos 78 de 2009 para 2013, menos 66 de 2013 para 2017 e menos 81 de 2017 para 2021).
Atente-se ainda no facto de a perda de participação eleitoral ser bem menor que os dados relativos ao recenseamento, com "apenas" menos 209 votos em urna na diferença de 2005 com 2025.
Acrescente-se que nas eleições de 2001 estavam recenseados na freguesia de Comenda 988 eleitores, tendo votado 698.
Novos residentes estão a travar sangria demográfica?
Numa freguesia com um alto índice de envelhecimento, o abrandamento do défice demográfico parece estar a fazer-se não propriamento pelo balanço entre nascimentos e óbitos mas através da fixação de novos residentes. Um dado a ter em conta para quem tem responsabilidade políticas na freguesia e no concelho pois pode estar aqui um caminho para travar a sangria populacional deste território.
A ter em conta também outro dado: tal como acontece noutras freguesias do concelho de Gavião, também a Comenda tem muitos residentes permanentes que não mudaram para cá o seu recenseamento, mantendo-o nos lugares sobretudo da cintura industrial de Lisboa onde trabalharam até à reforma. Uma realidade que merecia ser detalhada para verificação e para uma possível campanha para fazer com que esses residentes de facto sejam também eleitores nas freguesias onde residem grande parte ou a totalidade do ano.

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