A Casa do Povo e a Casa da Sopa em 1968 e hoje

 


A foto a preto e branco foi-nos enviada por Armando Fitas e é uma das muitas do espólio do seu pai, um homem que deixou um grande legado à Comenda e que bem merecia que as suas magníficas fotografias documentais estivessem expostas em permanência, em renovação programática contínua, num espaço nobre da nossa aldeia. Fazem-se tantos museus de quinquilharias e este, acredito, seria um espaço onde iríamos voltar muitas vezes. Fica a sugestão.



Mas adiante apenas para estabelecer um paralelo no tempo entre a imagem de 1968 destas duas casas da Rua Dr. Freitas Martins e a chamada Casa da Sopa, a casa que recuperamos e onde vivemos.

Em 1968, esta rua, que dava acesso à fonte de abastecimento de água potável e aos lavadouros, era uma das mais movimentadas da Comenda e hoje ainda é, sobretudo porque aqui fica, quase no sítio de onde foi tirada a foto, o mini mercado de Ana Margarida Oliveira, que foi durante muitos anos de João Gueifão, uma das grandes figuras de Castelo Cernado e a cujos herdeiros compramos a Casa da Sopa.

A rua era em 1968 pavimentada com pedra miúda e hoje está alfaltada. A antiga Casa do Povo, onde o dr. Freitas Mardtins deu consultas, foi posteriormente a casa da enfermeira Idalina e acaba de ser comprada por Ricardo Branco. Iremos, por isso, passar a ter mais uma casa habitada e possivelmente recuperada na nossa aldeia, o que é sempre uma boa notícia.


Dá para perceber também que de 1968 até hoje, a casa grande 'sofreu' (e pensamos ser esta a palavra certa) uma grande transformação na fachada através da colocação de azulejos, como aconteceu, aliás, em muitas casas da Comenda. Uma moda, certamente.

Esta rua foi também conhecida por Rua do Albino, por causa da taberna que, por acaso, também hoje é nossa e onde se instalou a primeira televisão. Na Casa do Povo a telefonia chegou mais cedo e funcionava a bateria, carregada por um dínamo montado no telhado "que não deixava ninguém dormir", conforme contou Porfírio Nunes Brites a Jorge Branco in Comenda com Gente.

Casas com história de Comenda/Castelo Cernado que ficam a aguardar também pelas vossas memórias.

JORGE GRAÇA:

"Não me recordo de haver um dínamo, nem caso houvesse que perturbasse a vizinhança. Perturbava sim a Taberna do Albino cujo motor a gasolina alimentava o gerador para dar energia à taberna e também à televisão, a primeira na Comenda. Mas isso obrigava a um consumo mínimo para ver a dita, a Laurinda a filha, estava a porta de entrada quem quisesse ver TV tinha de comprar alguma coisa, a moçada comprava uma mão cheia de ervilhanas (amendoins) e assim via uma noitada de televisão."

ILDA AMADOR:

"Lembro-me muito bem dessas casas e da rua onde sempre passei férias no mês de Agosto em casa dos meus avós. As 3 últimas casas nessa rua eram a dos meus avós (Maria Barradas e José Paulos) e ao lado da minha tia Maria Barradas e a última do meu tio António Barradas."