Dr. Freitas Martins: uma figura de referência da Comenda com nome na rua onde teve casa e exerceu

 


Alguns dos comendenses menos jovens têm ainda memórias do doutor Freitas Martins, o médico que serviu a Comenda/Castelo Cernado e cujo nome consta da rua onde resido. Uma rua que começa (ou acaba) na Rua Dona Delfina Pequito Rebelo e que ultrapassa mesmo a Fonte Nova, surgindo como nome do caminho que vai ter quase ao antigo campo da bola.

Natural de São Clemente, concelho de Loulé, José Maria de Freitas Martins nasceu em 1924 e formou-se em medicina na Universidade de Coimbra, especializado em estomatologia. Para além de ter exercido na Comenda, onde residiu na casa junto da qual se encontra ainda a placa a indicar a direção do Crato e do Monte da Pedra, Freitas Martins passou também por Cabeço de Vide, no concelho de Fronteira. Foi, porém, em Alter do Chão que mais tempo exerceu, até ao final da sua carreira, tendo sido clinico geral por mais de 30 anos e também Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Alter do Chão.

Aliás, foi o seu neto Vasco José Martins da Cruz, atual provedor da Santa Casa de Alter do Chão, quem nos enviou a foto do seu avô materno, confessando a sua felicidade pelo interesse no seu familiar.

Freitas Martins tinha também a especialidade e dentista e foi como tal que manteve um consultório em Portalegre, em frente da antiga 'Pérola Comercial'.

Quem o conheceu nunca se cansa de destacar o facto de não distinguir ricos de pobre nas hora de ajudar, sem qualquer exigência de pagamento.

Freitas Martins faleceu em Lisboa no dia 4 de março de 1995, quando contava 71 anos de idade. Está sepultado no cemitério de Alter do Chão.

Manuel Lourenço Monteiro, que foi professor na Comenda, contou a Jorge Branco, no livro 'Comenda com Gente', que o dr. Freitas Martins "era um perdido pela caça" e que um acidente com uma arma até o deixou coxo. "Era tão inveterado caçador que até caçava no defeso e quando a GNR aparecia já levava os 250 escudos da coima", disse.

A saída de Freitas Martins esteve envolvida em alguma polémica que envolveu o padre Gabriel, a propósito das aulas de preparação para além da quarta classe dadas pela esposa do médico. Acontece que o então padre da paróquia pensou no mesmo... O povo ainda pugnou pela continuidade do médico na Comenda mas este decidiu abalar para Alter do Chão.


Recorde-se que o posto médico funcionava também na hoje Rua Dr. Freitas Martins, em frente à mercearia de João Gueifão. A enfermeira que dava apoio dava pelo nome de Antónia Cortez. 

ARMINDO JORGE COMENTOU:

"Grande médico, grande Homem, grande democrata, no sentido para ele não havia, pobre nem rico, como não gostava muito da igreja, arranjaram, maneira de o expulsar, para mal do povo, povo esse que ele sempre gostou, quando alguém da freguesia da comenda ia a alter do chão, ele via nos sempre como amigos comendenses, foi o meu parteiro foi quem me tirou a ferros,que Deus o tenha em paz."

SÃO FLORES COMENTOU:

" Um grande Homem! Ajudou- me a crescer com as nossas conversas. Tenho saudades dos momentos partilhados."

ROSINDA FLORES COMENTOU:

" Excelente médico bom homem cheguei a ir a Alter do Chão ao médico e não aceitava o dinheiro da consulta a Comenda ficou-lhe no coração."

ARMINDO CHAMBEL COMENTOU:

"O primeiro a estrear os ferros fui eu, em 1951." 

VALQUÍRIA ROSA TOMÉ COMENTOU:

"A minha mãe tinha uma gratidão enorme por ele. Ajudou-a e ensinou-a a cuidar/salvar o meu irmão, que nasceu de sete meses. Naquela época, há setenta anos, sem incubadora, só tratado em casa, foi uma tarefa deveras complicada. Foi possível, graças a esse grande homem e grande médico e à minha mãe também, com apenas 19 anos. Não o conheci, mas, sinto como se o tivesse conhecido, de tanto que ouvi a minha mãe falar dele, de tudo que que vivenciou."

JAIME ESTORNINHO COMENTOU:

'Quem com ele privou reconhecerá a sua grandeza de coração. Foi meu médico em Alter do Chão, onde era amado e respeitado. A sua generosidade e desprendimento pelos valores materiais seriam hoje grande lição a milhares dos seus pares...Descanse em Paz!."


MARIA ADELINA MONTEIRO COMENTOU:

"Também foi o "parteiro" da minha mãe quando eu nasci em 1959. E parece que foi um parto muito complicado...  mas que terminou bem!"