A Rua da Fonte que agora homenageia Freitas Martins na memória da Comenda

 


A rua Dr. Freitas Martins é a nossa morada na Comenda, na antiga Casa da Sopa, onde os meninos da escola, no dobrar do século XX, comiam a sua sopa ao almoço, uma sopa feita por norma com produtos vindos da herdade de dona Delfina Pequito Rebelo (o Polvorão).


A Casa da Sopa passou depois para o salão paroquial e poucos comendenses têm hoje memória de que tivesse funcionado no n.º 16, onde a sua memória está perpetuada.


Mas tudo isto vem a propósito de outra casa e de outros personagens. No caso, a do homem que dá hoje o nome à antiga rua da Fonte ou Rua do Albino, o dr. Freitas Martins, um médico-dentistas muito querido na aldeia mas que a abandonou em circunstâncias, vamos dizer, polémicas.

Escreveu Manuel Porfírio que o seu pai lhe contava que o dr. Freitas gostava de caçar e que numa das suas saídas teve um acidente com um tiro que lhe acertou no pé, tendo ficado com uma lesão permanente.

O dr, Freitas Martins "dava consultas ao domicílio e no primeiro andar da casa que foi depois da enfermeira Idalina", precisamente a casa que estão a ver na imagem acima. "Ainda fui ao seu consultório com o meu pai, só por visita, e lembro-me dos folhetos farmacêuticos que ele me dava, ele que me livrou de uma situação complicada quando me mandou para o hospital de Abrantes no carro de aluguer do menino Rui Camilo".



A sua esposa era dona Mabília, conta ainda Manuel Porfírio. Dona Mabília tinha um colégio na Rua Grande ao lado da casa de Armando Água-Fria. O casal morava na esquina onde hoje se encontra a placa indicativa Crato/Monte da Pedra, informa ainda Manuel Porfírio.

Ainda a propósito de Freitas Martins:

José Maria de FREITAS MARTINS, médico, nasceu na Freguesia de S. Clemente (Loulé), em 1924, e faleceu num Hospital, em Lisboa, onde se encontrava internado, a 04-03-1995. Formou-se em Medicina pela Universidade de Coimbra. Dedicou-se de alma e coração à Medicina no interior do País. Foi Médico na Comenda (Gavião), terra onde há uma rua com o seu nome, testemunhando o carinho que soube granjear – em Cabeço de Vide, em Fronteira, mas a sua verdadeira terra foi Alter do Chão, onde foi Médico de Clínica Geral por mais de 30 anos, tendo dirigido o seu Centro de Saúde.

Tinha também a especialidade de Dentista e foi nessa qualidade que exerceu em Portalegre durante muitos anos, num consultório situado em frente da antiga Pérola Comercial.

Durante a sua vida intensa foi membro da direção dos Bombeiros de Alter e Provedor da Santa Casa da Misericórdia. Alter deve-lhe muito, mas não só Alter. Toda a região porque muitas das localidades onde, para além de médico foi dentista, ainda hoje não possuem um especialista nessa área de saúde.

A todos tratou, com preocupação, desvelo e carinho, sem nunca perguntar se tinham dinheiro para pagar, Tratou por igual o mais rico e o mais pobre. Foi um médico bom e um Bom Homem.

Faleceu em Lisboa num estabelecimento hospitalar onde se encontrava internado mercê da doença que o vitimou, no dia 4 de Março de 1995, contava 71 anos de idade e mais de 40 dedicados à medicina. Está sepultado no cemitério de Alter do Chão.

O seu nome faz parte da Toponímia de: Gavião (Freguesia da Comenda – Rua Doutor Freitas Martins)

Fonte: “Caras de Portalegre”


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