Uma casa portuguesa da Comenda - a nossa

 

Todas as casas têm a sua história e quase todas permanecem para além da nossa história.

Nas cidades, as casas são muitas vezes locais de passagem e que se sucedem, com pouco espaço no nosso 'cartão de memória'.

Na parte que me toca já lhes perdi a casa, entre moradas em Leça da Palmeira, Matosinhos, Perafita, Freixieiro, Vilar de Andorinho (Gaia), Bonfim (Porto), Parede, Paços de Arcos, Rua da Alegria (Lisboa), Travessa do Forno aos Anjos (Lisboa), Cruz de Santa Helena e Beco da Mó (S. Vicente, Lisboa) e agora na Comenda.

Nas nossas aldeia, é diferente. As casas por vezes permanecem uma vida inteira na nossa existência, assumindo-se como lugares únicos.

Estamos aqui a falar de casas com paredes robustas, de pedra grossa e alguma miúda, muros fortes, rodeadas por árvores velhas e com muito para contar.

É o caso da casa onde vivemos, na rua Dr. Freitas Martins.

Uma casa que descobrimos no final de outono de 2021 (imagem inferior) e que na primavera de 2022 (imagem do meio) começou a ser recuperada pela equipa de José Casaca da Silva, o popular 'Garrincha'. Nessa altura, o muro que a separava do terreno foi derrubado. A velha figueira salvou-se, bem assim como um possante pé de roseiras.

O muro servia, presumo, para criar uma área reservada, onde os animais de criação, como os perus que por aqui andaram, não tinham acesso. Os anexos que aqui estavam também guardaram cavalos e porcos.

Esta foi a Casa da Sopa de meados do século XX, onde os meninos da escola comiam o seu almoço, feito por 

Esta casa foi também a casa da senhora Domingas e que mais tarde foi de João Gueifão. Este último, dono do mini mercado que hoje é da Ana Margarida, quase em frente, era cunhado de Fernando Branco, filho da senhora Domingas, conforme informa Gracinda Flores.

A casa foi adquirida aos herdeiros de João Gueifão no final de 2021 e ficou recuperada, e muito bem, um ano depois. Cá está em serviço (imagem superior), obviamente transformada mas com a sua 'fisionomia' de sempre.

O tempo passa, as casas ficam e há momentos em que ainda por cá julgo sentir o cheirinho da sopa que dona Rosa Galinha fazia para as meninas e o cirandar dos perus pelo grande quintal.