A saúde no concelho de Gavião: "A população está desesperada", reconhece o vice presidente da Câmara
Esta semana tive de ir à unidade de saúde da Gavião renovar receitas e registei este momento:
O dr. Cabaço, que está já em idade de reforma e se teve de adiar as suas férias este ano para poder continuar ao serviço, acabava de abandonar o seu consultório no fim de mais uma jornada quando foi abordado por uma idosa que estava na sala de espera. A idosa estava com dores num braço. O médico explicou que para a atender teria de voltar a abrir o computador e que iria demorar o seu tempo (presumimos que o equipamento informático será pouco moderno). Seguiu o seu caminho e fomos atrás dele quando o vimos parar na porta, hesitar e voltar para trás, de forma a atender a utente.
É um momento que pode ser pouco significativo quanto ao que está a acontecer na saúde em Gavião, onde o serviço está em mínimos depois de gorada a tentativa da Câmara para segurar o médico Jorge Rebelo, que está de saída, e depois da perda do médico cubano que seguiu para um país da Europa onde terá uma remuneração ao nível dos outros médicos (e não um salário de favor, como acontecia em Portugal).
"Vivemos uma situação dramática e temos de fazer tudo pois a população está desesperada", reconheceu António Severino na última reunião da Câmara Municipal de Gavião.
Rui Vieira, vereador eleito pela CDU, aproveitou para informar que o médico Jorge Rebelo, em serviço até ao final do mês, na semana passada "não fez qualquer dia".
"O doutor Jorge Rebelo tem difamado o executivo municipal e se assim continuar iremos mover-lhe um processo por difamação", informou o vice presidente da Câmara, que acusou o clínico também "de falta de respeito pelos colegas".
Tal como já escrevemos aqui, a Câmara de Gavião está em vias de chegar a acordo com uma médica do quadro do SNS que trabalhava em Castelo Branco e que até pode fazer-se acompanhar poa uma médica estrangeira que agora certificação da Ordem dos Médicos mas que a poderá auxiliar. Esta médica irá usufruir das condições que foram oferecidas ao médico Jorge Rebelo, ou seja, uma bolsa mensal até 800 euros em horas de consulta para além do vencimento, com a perspetiva de um dia se tornar delegado de saúde de Gavião.
Algo tem de ser feito pois a saúde em Gavião está moribunda.