Dos barbeiros com fartura na Comenda a nenhum

 

Tesouras, navalhas e afins de Francisco Vieira


Numa publicação recente falamos de Francisco Vieira, pai de Manuel Vieira, que exerceu a profissão de barbeiro na Comenda, na rua 25 de abril. Uma barbearia é um dos sinais exteriores da vitalidade de qualquer terra e a Comenda, conforme contou Jorge Branco no livro 'Comenda com Alma', disponível na nossa junta de freguesia, já teve mais que uma mão cheia de 'Baetas'.

Contou Jorge Branco que no seu tempo na Comenda a opção fazer barba e cabelo passava pelos dois Cabaços - o Firmino e o José - e ainda pelos estabelecimentos do Balbino, do Possidónio, do Passeca e do Herculano. Difícil era escolher.

O Balbino, refere ainda Jorge Branco, foi o barbeiro que mais tempo conheceu em atividade, tendo-a cessado nos anos 90, ele que começou na rua do Vale da Feiteira e depois passou para o largo Alves Costa. "Em geral, os barbeiros eram também alfaiates", precisa Jorge Branco. No caso de Francisco Vieira, também se dedicava à arte do ferro e afins, que nesses tempos era necessário tocar sete instrumentos para alimentar as famílias.

Hoje, na Comenda resta uma cabeleireira, a Nazaré, na rua Dr. Proença. Quanto aos 'Baetas', há que procurá-los em Gavião, no Crato ou em Nisa. Na parte que me toca, tenho optado pelo João Teodoro, no Crato, e bem necessário estou hoje dos seus serviços...

Eugénio de Andrade, o verdadeiro

Na minha terra, Matosinhos, fui pouco fiel a barbeiros (apenas a barbeiros, atenção!) mas foi no 'Andrade', pai e filho, que mais tempo permaneci como cliente. O pai, o verdadeiro Eugénio de Andrade, assim chamado e não pseudónimo, era barbeiro e poeta. Aqui na Comenda não consta que tivesse havido tal mas Jorge Branco garante que Herculano Silva era um ótimo conversador. Nada de estranho pois as barbearias foram durante muito tempo locais de notícias em primeira mão e também de algumas aldrabices.