Assembleia popular em Gavião para convencer tribunal a dar luz verde ao Auchan

 


Esteve ontem em exibição, no Cine Teatro de Gavião, que estava completamente lotado, o filme 'Guerra de Supermercados'.

José Pio pediu a convocação de uma assembleia municipal extraordinária, a propósito de uma ação popular contra o município, no Tribunal Administrativo de Castelo Branco, que tem bloqueado a instalação de uma unidade da 'Auchan' em Gavião, e aconteceu um momento histórico: uma assembleia com uma participação popular realmente extraordinária.

Quem anda por aqui já sabe o que está em causa.
De um lado temos a Câmara Municipal a dar tudo por tudo para ter uma superfície comercial de média dimensão em Gavião, no local que podem ver na imagem, e no outro a empresária Maria João Gomes, dos supermercados 'Meu Super' e 'O Poupadinho', a travar o processo com uma ação em tribunal na qual acusa aa autarquia de ter mandado cortar 17 sobreiros no terreno que pertencia à autarquia e onde pretende que se instale o novo supermercado. A 'bola' está agora nas mãos do Tribunal Administrativo de Castelo Branco, sob o risco de o investidor que aceitou o repto da Câmara, e que tem aprovado um empréstimo de dois milhões de euros para avançar com tudo, poder cansar-se de esperar e desistir. Como aconteceu em 2018 quando o grupo Intermaché estava disposto a instalar uma loja em Gavião e em Alter do Chão. A de Alter do Chão já funciona, a de Gavião foi-se porque na altura esta questão já estava a ser discutida em tribunal.


Entre as diversas intervenções, apenas uma voz se revelou discordante, a do cidadão Armando Galinha, que acusou a Câmara de "duas mentiras" e disse que o corte de sobreiros "é um crime nacional", suscitando de imediato uma pequena vaia.
De resto, o presidente da Câmara 'saiu em ombros' da assembleia municipal, tendo sido muitas vezes interrompido com aplausos durante as suas intervenções.
José Pio explicou que a Câmara cumpriu a lei quando colocou o terreno em hasta pública, num momento em que surgiram dois pretendentes: a empresa que quer explorar uma loja 'Auchan' e Maria João Gomes, autora da ação em tribunal e dona de dois supermercados em Gavião, que fez uma proposta (80 mil euros) inferior ao da empresa vencedora (a Ambiente Interior).



O presidente da Câmara de Gavião explicou como o processo começou e garantiu que os sobreiros que foram cortados tiveram autorização de corte pelo Instituto de Conservação da Natureza.
Tendo dito várias vezes que este não é um processo de natureza política, José Pio referiu-se à família agora contestatária e cometeu uma inconfidência ao revelar que esta lhe enviou fotos dos boletins de votos nas autárquicas de 2017 mostrando-lhe que tinham votado no candidato do Partido Socialista.



"A Câmara fará tudo para viabilizar a instalação de uma unidade comercial de média dimensão em Gavião", sublinhou José Pio, que instou os presentes a assinarem uma declaração na qual se mostram contra a ação popular movida contra a Câmara.


José Pio anunciou que a Câmara se for preciso invocará o estatuto de utilidade pública municipal para viabilizar este projeto que inclui um posto de combustíveis com quatro postos convencionais e dois de carregamento elétrico, um espaço para eventos, um parque de estacionamento com 60 lugares, peixaria, padaria, frutaria, telecomunicações e outros serviços caraterísticos deste tipo de lojas 'Auchan'.



No final da assembleia, o presidente da Câmara surpreendeu os vereadores da CDU e do PSD quando os convidou a assinar em público essa declaração em que se demarcam da ação popular. As declarações podem ser assinadas nas juntas de freguesia e na Câmara e serão entregues ao tribunal, reforçando a contestação da autarquia a esta ação popular movida por uma empresária local.

Vamos ver como evolui este enredo e se será necessário voltar a esgotar o Cine Teatro Francisco Ventura.