Gáfete deu ao Entrudo um funeral magnífico

 


Aqui perto da Comenda, Gáfete cumpriu a tradição de enterrar o Entrudo na meia-noite de terça-feira de Carnaval.


A Comenda contou com enviados especiais a Gáfete e o Gregório Peck enviou-nos este vídeo. Mas podem ver mais relativo a este momento muito especial.

Ainda sobre o Carnaval, aqui vos deixo um texto da minha amiga Cristina Aguiar, uma grande especialista em mitologia nórdica:

A simbologia dos ritos carnavalescos da Morte e o Diabo, no Distrito de Bragança, na época de Cinzas, destaca a dicotomia entre a restrição penitencial do Cristianismo e a prodigalidade dos deuses arcaicos da fertilidade, banidos para as entranhas da Terra. O drama envolve os atores em contradições entre o Céu e o Inferno, confrontando-se mutuamente. Pois, não parece possível atingir a consciência do firmamento sem antes perceber o sentido e a necessidade da desordem. Dias depois de as personagens vestidas de fatos vermelhos, imitando o sarcasmo e lascívia do Demo, vaguearem pelas ruas a atormentar as raparigas, fustigando-as sob vergastadas , a infligir penitências e inquietações, é a vez da terrífica personagem da Morte aparecer em cena. A postura é de alerta aos fiéis para que estejam preparados para a chegada inesperada da ceifeira, incutindo o temor do desconhecido na Terra do Além, apelando ao arrependimento dos pecados consentidos perante a visita do Diabo, à penitência e à mudança da vida. Estas práticas, radicadas na religiosidade popular medieval, enquadram-se nas Lupercálias, a antiga festa romana consagrada a Pã, divindade da sexualidade reprodutiva dos campos e dos animais. O Fauno/Pã representa a vida rural e a criação dos rebanhos. É o rei campestre da fecundidade animal, que nos recorda as culturas pastoris da antiguidade.