Alto Alentejo em alerta por uma agricultura com outra visão

 


Sem agricultores e criadores de gado dificilmente teremos comida no prato. Uma verdade lapalissiana que por vezes tendemos a ignorar.

Hoje, em Portalegre, fui como que surpreendido pela revolta de centenas de agricultores do Alto Alentejo, exigindo uma visão para o setor primário. Um setor que sendo primário, está visto, nem sempre é o primeiro.

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Quem conhece a Comenda bem melhor que eu sabe como este setor regrediu nos últimos anos. Na primeira metade do século XX, o que víamos à volta da nossa aldeia não era propriamente uma mata de eucaliptos mas sim muitos campos cultivados. De que foram grandes exemplos as herdades do Polvorão e das Polvorosas mas não só. Campos de trigo e centeio abundavam. Hoje, é o que se sabe, apenas com a exploração de sobreiros e alguma criação de gado.


Tudo muda, até as novas máquinas agrícolas. Neste caso, os tratores. Mais de cem em desfile nas ruas centrais de Portalegre e muitos no final da manifestação em circulação no IP2 pelo menos até Alpalhão, gerando grandes filas de marcha lenta.

Da manifestação retive este momento a propósito da anunciada barragem do Pisão, no Crato, uma barragem que pode vir a ter também um impacto positivo na vida da Comenda. Parece que irá arrancar finalmente em 2023 mas só vendo.

Note-se que o setor primário em Portugal agregava nos anos 60 42% da força de trabalho, representando hoje pouco mais de 12%.


Portugal é o 9.º produtor mundial de azeitona, o 16.º de pera e 17.º de tomate. Para além de ser líder no setor da cortiça, no qual, em 2021, bateu o recorde anual de exportações, com 1133 milhões, resultado da extração de cerca de 200 mil toneladas de cortiça em 2,1 milhões de hectares de montado produtivo.