O antigo brasão da Comenda e os portões da Rua D. Josefa Barros Gouveia

 


Duas espigas de milho e um sobreiro dominam o antigo brasão heráldico de Castelo Cernado/Comenda, há relativamente poucos anos alvo de uma 'lifting'. O brasão permanece na fachada da Casa do Povo, na Rua Dr. Jorge Bastos, uma das entradas na aldeia, e com este bonito aparato de gravação no granito.


O sobreiro, agora com o vermelho do corte à vista, permanece enquanto nasceu um sol azul na imagem.

Na mesma rua, dois leões como que permanecem vigiando o símbolo heráldico da freguesia.

Mas onde queríamos ir mesmo era à Rua D. Josefa Barros Gouveia, personagem sobre a qual nada conseguimos apurar. Por isso, qualquer contributo neste sentido será bem vindo.

Segundo Ricardo Branco, dona Josefa era a antiga proprietária da Herdade do Casal, também conhecida por Casaria, onde foi construído o Salão e Casa Paroquial, bem como a Igreja Matriz por cedência de uma pequena parcela aos beneméritos da sua construção - Família Pequito Rebello.

Esta rua corre no sentido Norte-Sul, paralela desde Norte à Delfina Pequito Rebello, depois fletindo ligeiramente para nascente, até terminar no bonito Largo Dr. Alves Costa.


Percorrendo a rua no sentido Sul, desde logo nos deparamos com um par de belos portões em ferro forjado. Portões que deixam respirar as propriedades e que não fecham perspetivas.


Nem de propósito em tempo de chuva, no n.º 28 lá encontramos S. Pedro, segundo a tradição responsável pela abertura das comportas celestiais.


A nossa curta viagem termina junto do antigo posto dos CTT, cujo belo edifício se encontra no mercado imobiliário.


Pelo caminho, uma porta entaipada, num edifício que já funcionou, numa rua com um par de casas aparentemente sem uso nos últimos anos.


Para o fim ficou, nesta mesma rua, uma imagem perfeita deste outono que marcha para o seu fim.

Escreve Rosinda Flores : "É a minha rua adoro quando aí vou  gosto muito dos meus vizinhos, há uns anos todos nós tínhamos uma roseira à porta, saudades".

Escreve Celeste Brites: "A minha rua, que já foi Dr. Eusébio Leão. Em cada porta havia roseiras e por isso lhe chamavam "rua das rosas". Gosto muito da minha rua, dos meus vizinhos e da boa vizinhança que aí vivemos".

Escreve o Lúcio Rente: "Esta é a minha rua e já teve o nome de rua Dr. Eusébio Leão, nos anos 70 e 80 era a rua com mais juventude da Comenda, pelos Santos populares fazíamos aqui as fogueiras e era uma animação toda a noite".

Escreve Fernanda Pires: "Rua D. Josefa Barros Gouveia, a rua onde nasci na casa número 18, onde morei quase sempre, era uma alegria , pois havia muita criançada, antigamente também era chamada rua das roseiras, pois quase todas as casas tinham uma roseira à porta. No tempo dos santos populares fazíamos grandes fogueiras de rosmaninhos, depois assava-se batatas, e assim era até às tantas! Rua onde fui muito feliz! Era tudo gente boa, era tudo uma família! Tantas saudades desse tempo!"

Escreve Maria Chambel:" No meu tempo a rua com mais roseiras era a chamada rua grande. No mês de maio quem andava ns catequese ia cantar as florinhas dentro da igreja. Nenhuma roseira escapava nesse mês. Ainda tenho a bandeja onde se levava só as pétalas das rosas. Vestidas todas de branco."