Por motivos tristes, voltei ao Porto e aproveitei para recolher imagens da caraterística Ribeira do Porto. A Ribeira do Porto - do outro lado temos outra Ribeira, em Gaia - é uma aldeia dentro da grande cidade onde ainda hoje podemos comprar azeitona, enchidos e as famosas tripas enfarinhadas.
As suas gentes, ligadas desde sempre às artes do rio e à vida marítima, com forte ligação também à estiva, que durante muito tempo ali movimentou carga (sobretudo Vinho do Porto mas não só), sofreram, há três décadas, um primeiro 'ataque' quando os políticos se decidiram pelo seu realojamento em bairros sociais distantes. Mas muito resistiram e ficaram ali pelo Largo do Terreiro, pelos Cais da Estiva, pelo Muro dos Bacalhoeiros ou pelo Buraco da Viela. São esses ribeirenses - que fundaram o clubes Passarinhos da Ribeira e Ribeirenses - que assistem hoje à transformação da Ribeira num dos espaços privilegiados pelos turistas que chegam sobretudo em voos de baixo custo.
São ribeirenses que se mantêm ainda à frente de algum comércio tradicional ou na gestão de cafés e restaurantes, mantendo viva toda uma micro cultura de uma aldeia dentro da cidade formada por gente de trabalho. Ali nasceu e viveu, por exemplo, o velho Duque da Ribeira, autor de centenas de salvamentos no Douro no seu bote e hoje com um sucessor, o Gastão. E da Ribeira é natural também Fernando Madureira, o líder da claque Superdragões.
Esta é, no fundo, a história de uma sobrevivência numa cidade que faz parte cada vez mais dos roteiros de quem gosta de viajar para conhecer cidades vivas e com património. E o Porto 'está a dar'.