PS tem a cavalaria pesada no terreno e gera efeito rolo compressor

 


A dois dias do fim da campanha eleitoral, o Partido Socialista é claramente quem está a ganhar na mobilização e nas suas ações de campanha. Sintomática a presença esta quarta-feira de três antigos presidentes da Câmara de Gavião e do presidente em exercício. Uma imagem que há muito não se via, com José Pio e Jorge Martins lado a lado, na companhia de Jaime Estorninho e Galinha Barreto. Os socialistas estão focados e empenhados. Querem uma maioria reforçada e sonham em conquistar quatro dos cinco mandatos. Pelo que se vê a olho nu, não parece um sonho impossível...

É certo, o PS tem há quase 49 anos a hegemonia autárquica em Gavião. Nunca outra força política esteve no poder e este acumulado gera naturalmente uma massa crítica poderosa e que se manifesta nas ações do terreno, onde podemos ver pessoas de várias instituições do concelho. A juventude e a expetativa que o jovem António Severino irradia também ajudam na "festa".

A máquina é importante mas não funciona sem rolamentos e é assim que está a trabalhar sobretudo nestas duas últimas semanas: a todo o vapor.


Do PSD esperava-se um pouco mais. O partido teve uma apresentação-comício fraca, sem mobilizar os gavionenses e mobilizando muito pouco as pessoas que compõem as suas listas, falhou a apresentação de uma lista para a freguesia de Belver (tal como há quatro anos) e no terreno o esforço de Vítor Filipe é notório mas não tem tido, nem de longe nem de perto, a expressão massiva daquela que é apresentada pelo PS. Nas ruas, o grupo raramente ultrapassa as dez unidades e os candidatos às três juntas raramente saem do seu "círculo eleitoral" para ajudar a dar força a Filipe. No PS, os quatro candidatos a juntas nunca falham as suas presenças.

No porta a porta, Vítor Filipe tem feito das tripas coração e vai marcando alguns pontos. Mas parece estar a correr no tapete, ou seja, sem progredir no terreno. Atenção, porém. Na política também, nem sempre o que parece é. E vamos ter de esperar pela noite de 12 de outubro para saber se esta sensação de uma aparente falta de vitalidade tem expressão nas urnas.

Num ponto um PSD tem estado forte: a propaganda estática, a primeira a chegar ao terreno e em quantidade apreciável.

Quanto à CDU, tardou a entrar no terreno mas quando lá chegou mostrou de novo a sua competência. Rui Vieira tem grande experiência e conhece como poucos o concelho e as suas gentes - é claramente um trunfo dos comunistas, embora desta vez esteja a concorrer de novo à junta de freguesia de Comenda. E Helena Sebastião tem sabido estar no porta a porta, ela que é a primeira mulher a candidatar-se à presidência da Câmara de Gavião.

A CDU defende o mandato recuperado em 2021, com mais votos que o PSD, e tal já será uma vitória, reforçada caso mantenha o poder na junta de Comenda. A recetividade tem sido muito boa mas, tal como já se disse atrás, o que se está a ver pode ser apenas o rabo do gato.

Acresce um problema para a CDU devido ao facto de a sua candidata à junta de Margem, Ana Saraiva, ter tido um sério problema de saúde que obrigou à sua hospitalização, impedindo-a de estar no terreno a discutir a corrida com Jorge Peixeiro (PS) e Luís Alves (PSD).

Quanto ao CHEGA, ainda não conseguimos perceber qualquer ação de rua ou de porta a porta. Os outdoors só chegaram na semana passada e circunscrevem-se à vila de Gavião. Artur Semedo teve uma boa prestação na Rádio Portalegre mas não tem estado na rua com aqueles que compõem a lista do partido à Câmara Municipal de Gavião - uma lista única, ao contrário do que aconteceu em 2021, quando o CHEGA  conorreu à Câmara, Assembleia Municipal e à freguesia de Gavião e Atalaia, elegendo um elemento na assembleia de freguesia da UF e outro na assembleia municipal. Recorde-se que em 2021 o CHEGA conseguiu apenas 82 votos para a Câmara, por contraste com os 511 que garantiu nas últimas eleições legislativas!

Segundo partido mais votado em Gavião nas últimas legislativas, com boa diferença para quem ficou atrás, o CHEGA nacional parece ter desistido de apostar algumas fichas em Gavião, onde Artur Semedo vai a votos praticamente sem sair de casa. Veremos se temos aqui um caso de estudo, na eventualidade de um bom resultado para o partido de André Ventura - o que obrigará possivelmente muita gente a no futuro gastar menos dinheiro em tipografia e gasolina. Mas milagres só em Fátima e nem aí é garantido.