A história da barragem de Cedillo é um bom exemplo do desprezo que os estados centrais e as empresas têm pelos territórios pouco povoados, onde se pode fazer tudo.
Foi o que aconteceu a partir de 1968 quando a Iberdrola construiu a barragem de Cedillo, na confluência do Tejo com o Sever. A barragem assenta a sua parede na margem direita e esquerda do Tejo e em território integralmente português.
O pontão que vêem liga a parede da barragem a território espanhol.
Do acordo feito entre Portugal e Espanha, para nós ficou apenas a energia produzida por um dos geradores. Com a barragem, o Tejo e o Sever subiram de nível, o que eliminou a outrora passagens entre as suas margens. Montalvão e Cedillo então a 15 quilómetros ficaram subitamente a 70 quilómetros.
Numa primeira fase, a Iberdrola permitiu a passagem apenas a pé mas nos anos 90 mudou de ideias e interditou a passagem, mudando no final do milénio de novo de ideias e passando a permitir apenas a passagem de veículos.
Mas limitada a sábados e domingos. E atenção : ninguém pode fazer a travessia a pé! Tudo alegando questões de segurança, temendo que a fronteira se tornasse muito movimentada. Uma preocupação lógica pois Montalvão e Cedillo juntas não têm mil habitantes...
O Tejo internacional tem um grande potencial mas permanece esquecido e ao sabor de quem pode e manda. Vamos ver se a prometida ponte a montante da barragem, no Sever, volta pelo menos a aproximar Montalvão de Cedillo, aldeias com muitas afinidades culturais. Antes da barragem, em Cedillo a língua mais falada era o português. Não esquecer que a possível origem do nome "Cedillo" vem de "cedido", ou seja, de território que Portugal cedeu a Espanha. O que explica aquele estranho cotovelo que vêem na parte leste do mapa de Portugal.
Cedillo vai ficar mais perto? Vamos acreditar que será desta que mandamos a Iberdrola dar uma volta ao bilhar grande.