Corria o ano de 1958 quando a Casa do Alentejo publicou um dos seus boletins, solicitando a publicidade de várias empresas alentejanas. A leitura hoje desses anúncios diz-nos muito do que era a dinâmica da maior região de Portugal no início da segunda metade do século XX. De então para cá, muito mudou e nem sempre para melhor.
Por exemplo, no caso da Comenda é possível verificar uma dinâmica empresarial em 1958 que deixa a da atualidade a léguas. O que é fruto do despovoamento deste território - a freguesia de Comenda nessa altura tinha mais de dois mil habitantes e hoje não chega aos 700.
Em 1958, por exemplo, Carlos Garraio Marques Andrade mantinha, na Quinta das Pedras, uma moagem de farinhas de rama e também reunia materiais de construção e estância de madeiras. O telefone era o 3.
João Herculano de Matos, por seu lado, assumia-se como agricultor especializado na produção de azeites, cereais e gados. O telefone era o 4.
Freitas Martins, o famoso médico que tem nome numa rua a Comenda, também anunciava mas sem deixar telefone pois os clientes estavam garantidos.
José Domingos Brites publicitava a sua drogaria e os adubos que vendia, fazendo questão de dizer que era agente da Gazcidla e também correspondente bancário. O telefone era o 6.
Rui Branco Camilo, por sua vez, era dono de um automóvel de aluguer "para todo o país". O telefone era o 5.
Manuel Dias Ambrósio "oferecia" mobílias completas em todos os estilos e móveis avulso, assumindo ainda o fabrico especial de peneiros próprios para padarias em rama, ao preço de 1.200 escudos.
António Antunes Camilo, de que aqui falamos recentemente, apresentava um "completo sortido de bicicletas motorizadas e de pedal" mas também vendia fogões e acessórios, garantindo reparações.
E isto era só uma amostra do tecido empresarial da Comenda nessa altura.