O Natal tem, entre outros, um problema: faz-nos ter consciência de que mais um ano passou e nesta altura da minha vida cada ano que passa não é mais um mas menos um.
Mas temos de estar preparados para a eternidade que se esfumou quando a nossa juventude arrumou as botas, colocando sobre a nossa cabeça a ameaça de um fim súbito.
Este ano, vamos passar o nosso primeiro Natal na Comenda, em Gavião e no Alto Alentejo, onde estamos em permanência vai fazer três anos em 2025 (mais um à experiência).
O que acontece simplesmente porque sentimos que esta é a nossa casa embora as famílias estejam em Lisboa e na área metropolitana do Porto (em especial em Matosinhos).
Confesso que não sou um fã desta época mas, como dizia alguém, quando temos que levar com isto o melhor é não resistir e gozar o máximo.
Venha, por isso, o bacalhau cozido, o bom azeite, o queijo, o bolo-rei, o pão ló e tudo aquilo a que temos direito. Será um Natal a dois mas sempre com a nossa comunidade ao lado.
Vamos ver quantas vezes o telefone toca mas se não tocar muito já sei porquê, pois, chegados aqui, os meus amigos já perceberam que não tenho uma boa relação com chamadas atendidas - portanto, terei aquilo que mereço.
Dos natais passados, recordo sobretudo, se calhar como todos, os da minha infância. Casa cheia, presentes calculados porque a prole era grande, a minha mãe na cozinha a preparar as rabanadas. A minha mãe "caiu" em 2024 e, como seria de esperar, de forma espetacular, precisamente no dia (5 de outubro) do Tratado de Zamora que nos deu a nacionalidade e também no dia da Implantação da República. Não podia ser de outra maneira.
Na falta das rabanadas da Ilídia, sobram as memórias da sua importância nas vidas de marido, filhos, netos e bisnetos. Está ao nível de Zamora.
Para os nossos novos amigos da Comenda e de Gavião e também para aqueles que nos seguem aqui, votos de uma noite quentinha, farta e feliz. Acordar bem amanhã será, como calculam, o melhor presente de todos.
Boas festas!