A imagem que estão a ver diz respeito à albufeira da barragem do Pisão que irá nascer no concelho do Crato, a sul do traçado do IC 13, inundando a aldeia do Pisão.
Trata-se de uma albufeira de pequena dimensão a implantar num local que está longe de ser favorável para a construção de empreendimentos deste tipo. Há 50 anos, era uma barragem que fazia sentido sobretudo para abastecer de água os concelhos do Crato, de Alter do Chão e de Fronteira. Mas hoje, não. Só 1 % da água ali armazenada servirá para consumo! O grosso será para regadio e também aqui não virá qualquer vantagem para o concelho de Gavião.
Eis a área de regadio, abrangendo os concelhos do Crato, Alter do Chão, Fronteira e um pouco dos concelhos de Avis e Sousel.
A obra geral do chamado Empreendimento de Aproveitamento Hidráulico de Fins Múltiplos do Crato vai avançar muito em breve e custará 141 milhões de euros. A obra da barragem será executada por um consórcio ibérico (Agrupamento FCC e Alberto Couto Alves) e custará só por si quase 70 milhões de euros. A albufeira irá inundar 726 hectares de terreno (o Alqueva inunda 25 mil) e o projeto irá incluir um parque fotovoltaico, parque que, à priori, se assume como a grande vantagem imediata do empreendimento.
Há, porém, uma hipótese de Gavião ter algum retorno direto desta barragem caso se concretize, o que está longe de ser algo assegurado, o transvase em caso de emergência de água do Pisão para a barragem de Póvoa e Meadas que serve quase todo o nosso concelho no abastecimento de água e tem a sua parede a justificar obras de forma a evitar problemas no futuro próximo.
De resto, é certo: passa ao lado de Gavião qualquer vantagem direta com a construção da barragem do Pisão, uma barragem que mereceu críticas de duas mãos cheias de associações ambientais e de centenas de cidadãos (a favor só mesmo a Associação de Agricultores de Portalegre e, claro, a Agência Portuguesa do Ambiente).
Há que executar o PRR e o Pisão ameaça ser um dos grandes exemplos negativos de um investimento feito porque havia dinheiro para gastar quando era óbvio que o projeto antigo já não se justificava. Faltando saber o real impacto da barragem na "saúde" da ribeira de Seda, principal curso de água que serve a albufeira do Maranhão...