Edmundo Neves, o cidadão "que dava o peito às balas"


 
Gavião viveu mais um grande momento de tristeza após o falecimento súbito de Edmundo Neves, aos 64 anos de idade. Na última reunião da Câmara Municipal de Gavião, na passada quarta-feira, dia 18 de setembro, o seu nome teria de ser necessariamente lembrado. O vereador Rui Vieira fez questão de intervir para dizer que esta figura grada de Gavião "era um homem que dava o peito às balas em muitas causas públicas". José Pio, por seu lado, afirmou que muita gente "vai sentir a sua falta", destacando o seu altruísmo e a sua capacidade para estar sempre disponível para transportar pessoas aos hospitais ou para dar qualquer ajuda.

Ainda conheci Edmundo Neves e a sua famosa "cozinha", onde, na rua Eusébio Leão, recebia os amigos para uma prova de licores ou para lhes oferecer as famosas malaguetas. Tive o privilégio de ali ter estado uma noite na companhia de amigos do Edmundo, que vi pela última vez na caixa da festa da Nossa Senhora dos Remédios, poucos dias antes de falecer. Deputado na assembleia municipal, na semana em que faleceu ainda para ali se dirigiu para participar em mais uma reunião mas não se sentia bem e foi para casa.

Nem todas as terras têm a sorte de ter homens que, conforme sublinha quem o conheceu, se entregam à causa pública querendo apenar dar sem pensar em qualquer retribução. Edmundo Neves era um desses homens e não foi por acaso que em 2023 recebeu a medalha de ouro do município de Gavião, nas cerimónias do 25 de abril que decorreram na Comenda. O município, em nota de pesar, destacou o currículo de quem foi presidente da assembleia de freguesia de Gavião e membro do executivo desta junta, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Gavião, presidente da Associação de Caça e Pesca da Freguesia de Gavião e diretor da Banda Juvenil de Gavião - sendo, no entanto, sobretudo um amigo com quem se podia falar.

Edmundo Neves disse, quando recebeu a medalha de ouro da sua vila adotiva, que sempre procurou fazer e estar disponível para ajudar a resolver as dificuldades das pessoas que o procuravam. Edmundo era mesmo assim e por isso aqui deixo esta nota, para memória futura, sobre um homem que mal conheci mas que sou bem capaz de identificar pois conheci outros Edmundos que percorriam a vida com um sentido raro de solidariedade e entrega a causas. Acreditem que não há muitos.