A charneca que sobrevive às austrálias

 


Logo à saida da Comenda, no sentido de Nisa, antes da mudança de tapete usado e esburacado para o de Arroiolos típico das estradas municipais nisenses, temos de novo horizonte na charneca.

Derrubada a cortina de eucaliptos, a paisagem abre-se mas naturalmente já não é o que era. Nem virá a ser.

Vem isto a propósito de eucaliptos e dos painéis solares que em breve teremos por aqui e da facilidade de muitos em criticar uma coisa e outra. Entre os quais uma boa percentagem que só põe cá os pés quando o rei faz anos ou se engana no caminho.

Talvez não seja importante para esses tecladores que quer o setor produtivo da exploração de madeiras quer o da produção de energia verde sejam motores de regiões 'subnutridas' de recursos. Entende-se, vindo sobretudo de quem faz a sua vida no sector dos serviços, onde se compra tudo feito e raramente é preciso vergar a mola.

A verdade é que quer a sivicultura quer as energias renováveis são clusters - usei a palavra para parecer gente educada - estruturantes de um território como o nosso, justificando se calhar alguns cortes no horizonte de uma charneca que só parece contar para quem tem a sua vidinha em Oeiras, Almada ou Massamá e gostava que a sua terra de origem fosse apenas um museu para visitar uma vez por ano.