O salão Flores foi palco de muitos casamentos na segunda metade do século. E cada casamento que se realizava na Comenda/Castelo Cernado tinha na altura um ritual: a corrida ao bolo.
Uma tradição dedicada aos rapazes solteiros, que tinham de disputar uma corrida a dois por um prémio em forma de bolo que talvez prenunciasse felicidade marital.
Maria Flores e as suas amigas Alzira e Lizete recordaram-nos esse ritual que acompanhava os casamentos aqui na aldeia.
Laurinda Lopes Guedelha contou a Jorge Branc, no livro 'Comenda com Gente', que os concorrentes corriam da taberna do senhora Emília (no Vale da Feiteira) à casa de Lourenço da Rosa, onde os noivos seguravam um bolo com ramos de laranjeira.
A corrida disputava-se dois a dois, contou-nos Maria Flores, e o vencedor dividia o prémio com o adversário, com a corrida a fazer-se, na Comenda, pela Rua Dona Delfina Pequito Rebelo até ao Largo Dr. Cerejeira. Era um momento por vezes hilariante, com algumas quedas aparatosas, o que não espanta pois o ritual cumpria-se quando a boda já não era uma criança.
Os convidados alinhavam-se em fila na rua principal para assistir à corrida.
O vencedor da corrida ao bolo tinha prioridade na escolha da rapariga no baile que se seguia, o que não era propriamente nada de que se pudesse prescindir...
FERNANDO MARTINS DE OLIVEIRA COMENTOU:
"Donde eram mandadas as ervilhanas e as amêndoas pelos casamentos. A corrida ao bolo começava frente ao Fitas e acabava aí frente ao café do ti João Flores."