A Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, em coordenação com a respetiva autoridade para o Alto Alentejo, realizou na passada noite de 1 de março o exercício Ferrovia - Gavião 24 tendo como mote um descarrilamento ferroviário com mortos e feridos entre os túneis do Outeiro Cimeiro e Outeiro Fundeiro, entre as estações de Gavião-Belver e Envendos. Um acidente resultante da queda de pedras e terras na linha da Beira Baixa.
O "acidente" aconteceu às 22.45 e o socorro a um local de muito difícil acesso foi rápido, com posicionamento de meios em Belver (posto de Comando), estação ferroviária de Belver-Gavião, Praia do Alamal e Casa do Povo de Gavião.
Foram usados dois drones e montado um sistema de comunicações dedicado que assegurou rede máxima.
Eram quatro da manhã quando José Pio, presidente da Câmara Municipal de Gavião, falou aos diversos responsáveis por este simulacro, nessa altura já na sua fase final.
O balanço foi globalmente positivo embora tivessem sido anotados alguns problemas que estes exercícios por norma revelam, como seja o facto de o nível da albufeira da barragem de Belver estar muito baixo, para além das dificuldades colocadas pelas linhas de alta tensão no caso dos drones.
Não é a primeira vez que acontece um acidente ferroviário no local escolhido, onde há poucos anos ocorreu um incidente felizmente sem vítimas mortais ou graves, também na sequência de um aluimento de terras. Neste exercício, o objetivo era testar a resposta e os meios.
Estiveram no terreno 250 homens e mulheres de várias corporações de bombeiros, do INEM, da Força Especial de Proteção Civil, da GNR, da Associação Portuguesa do Ambiente, da E-Redes, da Altice, da ULSNA e a Infraestruturas de Portugal, entre outros. Para além da proteção civil de Gavião, dos respetivos bombeiros e do Gabinete Técnico Florestal. José Pio e António Severino acompanharam o exercício desde o início, contando também com as presenças dos presidentes de junta de Belver e de Gavião e Atalaia, Martina de Jesus e Germano Porfírio, para além de diversos técnicos municipais.
A Autoridade Regional de Proteção Civil elogiou a resposta das forças municipais, que estiveram sob o comando de Fernando Delgado, comandante dos Bombeiros de Gavião, e de Bruno Marques, coordenador municipal da proteção civil.
Para além dos bombeiros de Gavião, registámos a presenças de bombeiros de Vila Velha de Rodão, Nisa, Proença a Nova, Avis, Crato, Abrantes, Vila Nova da Barquinha, Cernache do Bonjardim, Ponte de Sor (também com a sua proteção civil presente), Nisa e Constância, entre outros.
Quase todos eles a disponibilizaram embarcações e equipas de mergulhadores, tendo em conta que a ferrovia acompanha o Tejo e que parte do socorro aconteceu por via fluvial. Foi impressionante a quantidade de meios envolvidos nesta parte da operação, uma prova da capacidade destas corporações para o socorro em meio aquático.
O transporte dos 31 feridos repartiu-se entre a estação de Belver-Gavião e o Alamal, com os feridos graves a serem transportados através da via férrea numa draisine da Infraestruturas de Portugal. Estava previsto transportar os feridos menos graves por via fluvial para a praia do Alamal mas apenas a embarcação dos Bombeiros de Gavião conseguiu encostar à margem devido ao facto de albufeira de Belver estar com uma cota baixa.
O município de Gavião acionou recentemente o seu Plano Especial de Emergência de Proteção Civil para Acidentes Ferroviários e este foi o seu primeiro teste, com nota positiva mas com algumas lições para apreender. Na Casa do Povo de Gavião funcionou o posto de atendimento psicológico de apoio às famílias das vítimas, sendo que o exercício determinou a existência de cinco vítima mortais para as quais foi improvisado um necrotério.
A operação contou com a liderança do comandante Rui Conchinha, da Proteção Civil do Alto Alentejo.
Numa impressão final, importa dizer que a qualidade e a quantidade dos meios envolvidos neste exercício revela um nível de operacionalidade excecional e que nos conforta relativamente a um cenário de catástrofe.