A Comenda chegou a ter mais de dez tabernas e aqui, nesta casa bordada a amarelo, ficava uma delas.
Era a taberna da Maria da Beira.
Segundo Jorge Branco, no seu 'Comenda com Alma" (Colibri, 2015), no início da segunda metade do século XX na Comenda havia as tabernas do Albino, do Possidónio, do Coça, do Domingos Tomé, do Chamiço, da Senhorinha (mais tarde de Fernando Gueifão), do Zé Isidoro, do João Cortês e da dona Maria, entre outras.
Do lado direito, aquele portão da casa pequenina na imagem de capa foi a antiga fábrica dos pirolitos, a bebida gaseificada que vinha numa garrafinha que continha uma bola de vidro que servia para berlinde.
Voltando à antiga taberna da Rua Delfina Pequito Rebelo, em frente ao atual O Choupinho, atente-se no pormenor de o edifício ter dois números de polícia, o 82 e o 84. O que é hoje a janela do lado esquerdo foi também uma porta. Uma porta servia a taberna, a outra a casa.
Uma casa com muita história para contar numa altura em que em Castelo Cernado a centralidade ainda estava muito no atual Largo dr. Alves Costa.
Ao lado, a oficina de bicicletas do Alberto Teles, informa Fernando Martins Oliveira.
"Não era da Beira era de Tolosa, mas ficou conhecida pela Maria da Beira por ter casado com um homem da Beira", informa Eduarda Mesquita.
"Tive o privilégio de conhecer algumas histórias dessa taberna, ela não sabia ler nem escrever e quando ficavam a dever ela colocava um risco e à frente fazia um desenho com a alcunha da pessoa. Ficou viúva e criou 9 filhos sozinha na taberna. Grande mulher", escreve ainda Eduarda Mesquita.
ARMANDO FITAS CASTANHO COMENTOU;
"Conheço bem o local pois nessa casa que nasci no ano de 1955. Foi aqui que meus pais se intalaram e começaram a sua vida familiar. Neste local (e muito antes da Maria da Beira) era a taberna onde minha mãe servia os copos de vinho e as cervejas aos conterrâneos. Meu pai executava a profissão de sapateiro na casinha ao lado (onde mais tarde o Alberto Teles viria a instalar a oficina de bicicletas)."