Água que vem da Póvoa e Meadas é 99% segura

 


Muitos comendenses interrogam-se sobre o porquê da água de abastecimento público ter origem na barragem de Póvoa e Meadas e não no bom sistema aquífero local, como já aconteceu.

A razão, que nos foi explicada por quem percebe do assunto e integra a equipa da Águas do Alentejo, é simples: há pouco mais de duas décadas, a legislação europeia impôs que a captação de água para consumo fosse feita em águas de superfície (barragens) e não através de furos. Uma medida tomada para poupar os lençóis de água friáticos, que correm risco de esgotamento em muito locais. Como nem sempre percebemos, os governos dos países da União Europeia têm de de seguir as leis da Europa e só por essa razão a água que vinha de Vale do Frio para o depósito da Comenda deixou de ser utilizada, embora permaneça ativo o sistema, como backup, para o caso de alguma interrupção do serviço normal.


A Águas do Alto Alentejo reúne dez dos municípios do Alto Alentejo, entre os quais Gavião. Constituída no final de 2020 e em operação desde julho de 2022, é uma empresa intermunicipal que compra a água da Póvoa e Meadas à EPAL e que procede ao seu controlo de qualidade e distribuição, cuidando ainda da rede de esgotos. Para além de Gavião (que tem 10% das ações), a empresa opera ainda em Alter do Chão, Arronches, Castelo de Vide, Crato, Fronteira, Marvão, Nisa, Ponte de Sor e Sousel.

Em 2022, a AAA faturou 1,2 milhões de metros cúbicos de água, 964 mil referentes a consumidores domésticos. No mesmo ano, o concelho de Gavião foi o terceiro maior consumidor, com 108 mil metros cúbicos, enquanto Ponte de Sor foi o primeiro, com 402 mil. 

A Águas do Alto Alentejo ainda conhece vários problemas de funcionamento sobretudo porque herdeu dez sistemas municipais completamente diversos e está a ser difícil a sua compatibilização. A empresa serve cerca de 40 mil clientes.

Quanto à qualidade da água que chega às nossas torneiras, os técnicos garantem que é 99% segura. Note-se que são feitos controlos regulares da água e todos são feitos no ponto terminal, ou seja, nas torneiras. A água que bebemos leva uma injeção de hipoclorito de sódio (cloro) e diz quem sabe que é bom sinal quando sentimos o sabor do cloro, ou seja, é sinal de água segura.

A AAA tem ainda a responsabilidade dos depósitos e das estações elevatórias e já implementou um programa de poupança de energia que passa, por exemplo, por não ter os depósitos de água, mais de uma centena, sempre cheios, só colocando as máquinas em funcionamento quando estes precisam de mais carga.

A rede de distribuição, por sua vez, está velha e tem gerado vários problemas, As condutas de fibro-cimento ou de PVC são problemáticas ao nível estrutural e este é um encargo pesado para a AAA. Só em meio ano, em 2022 a AAA contabilizou 567 avarias em condutas e ramais, 75 das quais em Gavião. A empresa nesse mesmo período colocou 7,6 quilómetros de novas condutas.

Por último, também a rede de contadores está desatualizada. Mas ao contrário do que se posso pensar, a falta de leituras regulares apenas prejudica a AAA pois ao fazer-se, por exemplo, uma leitura de três em três meses muitas vezes evita-se que um pico mensal de consumo possa fazer subir o escalão de pagamento, com esse consumo a ser distribuído pelos meses de leitura.