A Comenda sequestrada pelo nevoeiro de novembro

 


A noite de 26 para 27 de novembro deste ano de graça foi assim na Comenda.

Humidade nos píncaros, a molhar a calçada.

E um manto de nevoeiro a cair sobre a Comenda/Castelo Cernado, escondendo nas suas sombras memórias, histórias, passos que se perderam, passos que ainda por aqui andarão pois claro, tolo é quem pensa que é o último a recordar.

Juro que vi um camião parar aqui e abastecer-se, recriando o movimento do passado junto de estas bicas de combustível fossilizadas no tempo e que não têm quem as arrume. Aqui permanecem como peça arqueológica, enganando tolos mesmo em noites e dias claros. É cheio, se faz favor, da normal...

Pouso a máquina num muro e deixo-a a falar com o montado. Terão certamente contas para ajustar e se não tiverem também está bem. Quando lá voltei tinha este bilhete postal e gostei.

Antes que Morfeu se anunciasse, fui dar um volta por parte da aldeia. Não vi vivalma e entrei com algum temor na parede espessa do nevoeiro.

A Comenda tinha acabado de ser adormecida pelas nuvens que baixaram à terra.

Há noites apenas sonhadas assim, já aquecidas pelo fogo das lareiras.