A barragem de Belver é sempre notícia quando S. Pedro descarrega os baldes

 


Quando chove muito temos tendência também para prestar alguma atenção às nossas barragens pois são elas que contêm os caudais dos grandes rios, evitando muitas vezes cheias fatais, como já aconteceu no Tejo.

Por cá, a barragem de Belver, cuja construção foi finalizada em 1952, assume-se como a última grande barreira do Tejo (para montante, as outras barreiras são as barragens de Fratel e de Cedillo). Ontem, antes da grande descarga de chuva de hoje, estava assim.



Com uma altura de 30 metros, esta barragem implantada no xisto está longe de ser das uma das que possuem parede mais elevada. Por exemplo, a barragem de Picote (1958), no Douro internacional, atinge os 100 metros.

Belver tem seis grupos a gerar energia e uma bacia hidrográfica de 65.802 km2 que define uma nova paisagem nas margens do Tejo do concelho de Gavião. A barragem do Alqueva, um pequeno mar interior, apresenta, por seu lado, um regolfo de 250 km2, quatro vezes superior ao de Belver.

A barragem de Belver define uma nova paisagem do Tejo, com o seu plano de água encaixado em arribas, um cenário muito diferente daquele que podemos apreciar para jusante, onde corre um rio apenas rápido na invernia que se alarga no chamado Mar da Palha, depois de receber as águas do Zèzero em Constância e depois de passar por Santarém e Vila Franca de Xira.



Temos, na prática, três Tejos em Portugal: o que corre com Portugal de um lado e Espanha do outro, durante quase 50 quilómetros, até à barragem de Cedillo e as albufeiras do Fratel (com arribas mais altas) e a de Belver, o rio por vezes de caudal escasso que corre até sensivelmente Vila Franca (e que recebe as águas do Sorraia) - troço no qual se destaca o castelo de Almouro -  e o amplo estuário que tem Lisboa de um lado e a chamada margem sul do outro.

Este é um Tejo que nada tem a ver com o Tejo primitivo, que corria por aqui mais encaixado, com correntes fortes e navegação difícil, só possível graças aos caminhos de sirga que ainda existem em alguns pontos e até a canais paralelos ao rio que proporcionavam a alagem rio acima dos barcos (como ainda se pode ver em Mouriscas).

O Tejo, o maior rio da Península Ibérica (1.007 km), tem em Espanha 17 barragens e albufeiras enquanto Portugal tem o que podemos considerar duas barragens e meia (Belver, Fratel e Cedillo).

A título de curiosidade, no seu longo percurso em Espanha o Tejo entra na comunidade de Madrid pelo seu extremo sudoeste, através da comarca de Cuesta de las Encomiendas.

Entretanto, hoje até ao fim da manhã foi assim por aqui (Gavião):
Fonte Metro Alentejo