Gavião é agora o segundo pior concelho de todo o Alentejo na relação entre receitas próprias e orçamento

 


Gavião é o segundo município alentejano com menor independência financeira na relação das suas receitas próprias com as receitas (14,6%). Isto é, entre aquilo que precisa para a gestão do concelho em termos financeiros e as receitas que gera ao longo de um ano através de impostos e taxas.

O nosso concelho viu-se ultrapassado por Arronches, um concelho também norte alentejano, neste ranking esta semana revelado no Anuário Financeiro dos Municipios Portugueses e no qual Barrancos, um concelho ultra periférico, continua a ser o que tem pior relação entre receitas geradas e receitas necessárias (7,6%).

Desde 2012, Gavião já conseguiu uma percentagem de 24,1% nesta relação necessidades/proveitos, no ano de 2016, mas em 2022 aproximou-se da pior marca, a de 2020 (14,4%).

Contas feitas, por cada 100 euros de investimento público o município de Gavião apenas comparticipa com 14,7 euros, o que revela a debilidade demográfica, social, comercial e industrial deste pequeno concelho, mais um exemplo no Alentejo de uma autarquia que caminha no fio da navalha e sem os recursos das grandes autarquias nacionais.

Gavião aproxima-se deste modo do top ten dos municípios portugueses mais expostos a flutuações do investimento do estado central, do qual tem uma dependência extrema.

Loulé é a autarquia portuguesa com uma melhor relação entre receitas próprias e receitas totais, um impressionando 88,7% que resulta muito das receitas provenientes da atividade turística. Entre as autarquias alentejanas, apenas Sines se destaca neste capítulo com 68,6%, fruto tambem do turismo mas não só pois ali se encontra o maior porto do país e a única refinaria que temos em laboração.

Para quem ainda não percebeu, o turismo é uma forta alavanca que pode ajudar a fazer desaparecer estas desigualdades.

Para quem tem dificuldades em perceber o problema de Gavião, aqui fica também o quadro das receitas cobrados pelos municípios a nível distrital e penso que não será preciso fazer um desenho para todos entenderem que o contexto regional - isto é, de uma região deprimidade demograficamente e com apenas uns metros de auto-estrada em Belver - também é determinante.Por exemplo, Lisboa arrecada 2,4 mil milhões e Portalegre 181 milhões.