Nossa Senhora das Necessidades: A grande festa da Comenda está a chegar

 


É assim a grande festa em honra de Nossa Senhora das Necessidades, a santa de cabelos naturais que mora quase todo o ano na igreja paroquial de Comenda mas que no início de setembro regressa à igreja do Vale do Grou para uma romaria que todo o Alto Alentejo conhece.

Como se sabe, a feira de gado que durava vários dias e que ocupava todo o Vale do Grou já não acontece mas a devoção continua.


O culto de Nossa Senhora das Necessidades estende-se por todo o país e surge na transição da Idade Média para a Idade Moderna.

Por exemplo, em 1579, um casal de tecelões refugiou-se na Ericeira (atual concelho de Mafra), fugindo da peste que grassava em Lisboa. Aí existia uma ermida dedicada a Santa Marta (construída em 1484) que possuía uma imagem de Nossa Senhora da Saúde, da qual o casal era muito devoto. A imagem foi levada para Alcântara, Lisboa, onde se tornou devoção sobretudo dos pescadores

Nesse local, a imagem de Nossa Senhora da Saúde passou a ser conhecida por Nossa Senhora das Necessidades e o seu culto rapidamente se espalhou tanto na cidade como nos arredores, tendo-lhe sido atribuída a cura do rei D.Pedro II, em 1705.

O atual Palácio das Necessidades tem o seu nome associado ao culto de Nossa Senhora das Necessidades, cuja imagem original foi destruída pelo terramoto de 1755.

Os milagres atribuídos a esta santa são imensos. Os devotos recorrem à virgem sobretudo por enfermidades e problemas de saúde.

Existem santuários, ermidas e festas em inúmeras terras, como Ericeira (a origem do culto), Lisboa (nas Necessidades), Gaia, Sernancelhe, Sever do Vouga, Oliveira do Hospital, Arganil, Abrantes, Gavião e Fundão, entre outros. A sua devoção ocorre também no Brasil. 

Os sinos já desaparecidos do templo do Vale do Grou (foto de Fernanda Pires)

As memórias paroquiais de 1759 dão-nos conta de que a igreja paroquial estava no Vale do Grau e que o seu oráculo já era Nossa Senhora da Graça, que se encontrava no altar mor junto de Nossa Senhora das Necessidades, sendo atribuída a esta última "muitos milagres". Nos altares laterais estavam S. Sebastião (imagem roubada) e Nossa Senhora do Rosário.

Na altura, o Vale da Feiteira era o lugar com mais casa (38), onde viviam 89 pessoas, enquanto no Vale do Grou viviam 36, sendo que destas  cinco não eram católicos. Em Castelo Sernado - assim escrito - existiam 30 casas e viviam aí 72 pessoas.