Na ferrovia do Alto Alentejo até árvores crescem nas retretes

 

Como sabem bem os mais antigos, noutros tempo a Comenda era uma das aldeias do Alto Alentejo servida por serviço ferroviário. O ramal de Cáceres, entre Torre das Vargens (Linha do Leste) e Cáceres (Espanha, via Marvão) era a principal linha de abastecimento, ligada à Comenda pela estrada de terra batida que liga a antiga estação ao Vale da Feiteira, feita a pé, de bicicleta e com a ajuda de tração animal por comerciantes e pelo povo comum.


A imagem que estão a ver não é da estação da Cunheira - que já por aqui passou - mas da estação do Crato, uma estação da reatividade Linha do Leste, agora com quatro comboios em cada um dos sentidos entre o Entroncamento e Badajoz. A estação, como podem ver, até está pintadinha. Mas esperem. Está assim porque está para venda.

O resto é abandono. Quem ali chega, ali e a outras estações desta linha, para apanhar o comboio nem um banco tem para se sentar e se quiser ir às retretes precisa de uma catana.

Quem está sentado em Lisboa ou no Porto em gabinetes com ar condicionado não anda obviamente de comboio nesta linha minimalista onde circulam comboios com 60 anos pintados de fresco.


É bom ter dois comboios diários no sentido Badajoz e Entroncamento, é certo, mas há mínimos olímpicos a cumprir quando se tem uma linha ferroviária a funcionar: informação de horários, um banco onde nos possamos sentar, casa de banho, enfim, coisas normais noutros países mas não neste. Se até na Linha da Beira da Baixa, na estação de Belver, a casa de banho é onde der mais jeito...

Todos pagamos impostos pela mesma medida mas vão ver que continuará a ser mais importante aplicar milhões numa linha de metro para um subúrbio manhoso de Lisboa ou do Porto que investir alguns tostões ao dotar estas velhas estações de condições equiparáveis à de qualquer linha marroquina.

Bem, se calhar na perspetiva de alguns decisores já somos Marrocos...

PS - Não se entende como as autarquias afetadas não pressionam minimamente esse gigante que é a Infraestruturas de Portugal para dar um pouco de dignidade a estas estações, Para que serve, afinal, a CIMAA?