Comenda 1961 tinha 47 comerciantes e artesãos a anunciar no jornal do distrito

 


Quem conhece a Comenda de hoje e não a conheceu no passado pode ser surpreendido com esta pequena viagem ao ano de 1961 e a uma edição do jornal 'O Distrito', de Portalegre, muito dedicada à Comenda, a propósito da inauguração do salão paroquial.

Contamos 47 anúncios de comerciantes e de artesãos estabelecidos na Comenda e vamos partir do princípio que alguns não colocaram anúncios no jornal.

É o caso desta farmácia, cujo letreiro publicitário confirma que o nome de Salazar foi durante muitos anos o nome da rua principal e também do largo que muitos ainda conhecem como do Tio Cortês.



Aqui vemos, por exemplo, Albino Monteiro de Matos, dono da taberna do Ti Albino (hoje nossa propriedade), a destacar os vinhos e petiscos que servia mas também a dar nota da sua condição de comissionista de azeites, adubos, azeitonas e pimentões.

Domingos Tomé, por seu lado, destacava a existência de TV no seu café, tal como acontecia na Taberna do Ti Albino, que terá sido o primeiro estabelecimento a ter este serviço.

Ficamos a saber que José Chamiço Tomé também tinha taberna, casa de hóspedes e alvará de café, estando a aceitar propostas de renda ou compra para toda a casa ou parte e que Rosa Fitas Castanho vendia quinquilharias, brinquedos, eletricidade e calçado de todo o género "com economia, bom gosto e elegância", neste último caso surgindo um raro exemplo de publicidade mais elaborada.

António Antunes Camilo, na altura presidente da junta de freguesia, dava preferência ao anúncio de bicicletas de bicicletas da melhor marca e de fogões a petróleo.

João Herculano de Matos, por seu lado, anunciava-se como agricultor e promovia os seus cereais e o seu lagar de azeite (de que restam as ruínas entre a Comenda e o Vale da Feiteira). A funcionar estava também o lagar de João Pulquério.

Manuel Carranca, por sua vez, promovia a sua atividade de camionista de aluguer, João Joaquim Cabaço relevava a sua atividade de alfaiate e Possidónio da Luz Cardoso afirmava-se como comissário de vinhos da firma Proença & Neves, firma de Alpiarça. José Castanho Rosa também comerciava em vinhos mas era comissário da firma José M. Agostinho.


Com grande destaque, Joaquim P. Borrego, telefone 7, promovia os produtos da Casa Borrego, um naipe que ia dos tecidos de lã a bicicletas de todas as marcas, passando por cobertores e fatos feitos (estávamos nos primórdios do pronto a vestir!).

Dava para perceber, através desta publicidade de mais uma casa de bicicletas, que o automóvel ainda não era o meio de transporte mais usado mas sim as duas rodas. Em cina, o anúncio da Peugeot da Avenida António Augusto Aguiar, em Lisboa, também inserido na edição que estamos a esmiuçar graças à gentileza de Rui Paulino. Uma edição na qual  uma firma de Ponte de Sor, promovia automóveis volkswagen (os famosos carochas) novos e usados, estando "sempre ao dispor de vossas excelências" (bons tempos. quando o cliente era assim tratado!).

Só mais uma breve voltinha pela quase meia centena de anúncios relativos à Comenda para referir que eram várias as promoções de mercearias e salsicharias, de que destacamos a de Gregório Duarte Branco, Diamantina Nunes e a de João Manuel Gueifão, esta última a afirmar-se também pela venda por grosso e a retalho de tabacos nacionais.


Sapateiros também não faltavam, entre os quais o meu atual vizinho Mário Mendes Monteiro de Matos, filho do Tio Albino. E barbeiros também havia para escolha (hoje sobra-nos as mãos de fada da dona Nazaré, na rua doutor Proença).

Na construção civil, era Joaquim Maria Carranca quem apresentava os seus serviços e até o médico Mário Ferreira de Almeida contribuía com um anúncio enquanto Arménio da Silva Brites promovia a sua padaria e António Canha gados e cereais,

Manuel Dias Ambrósio, por seu lado, vendia mobílias completas em todos os estilos, móveis avulsos e peneiros para padarias de farinhas em rama (aqui afirmando-se como especialista).

A Comenda em 1961 era mesmo outro mundo!