O Alentejo continua a ser considerado por muitos 'o celeiro de Portugal' e este desígnio já lhe valeu alguns problemas. O Estado Novo, como se sabe, quis que o Alentejo fornecesse à nação o cereal que a nação nunca foi capaz de produzir de forma a ser auto suficiente. A pobreza dos solos em Portugal, no geral, esteve sempre a contrariar as tentativas de exploração agrícola extensiva.
Mas houve um tempo em que se pensou que o trigo que se produzia no Alentejo ia ser a solução. Como se sabe, não foi. Tal como aconteceu, por incrível que pareça, na ilha da Madeira, onde foi, muito antes das bananas, a primeira grande cultura deste território insular.
Bem tudo isto a propósito da Festa da Benção do Trigo que em meados do século XX acontecia, todos os verões, na Herdade do Polvorão, sob o patrocínio de dona Delfina Pequito Rebelo e do seu irmão José Adriano Pequito Rebelo. Uma festa que está documentada nos arquivos da RTP e que devem ver.
As imagens reportam-se ao ano de 1953, quando esta herdade estava em produção plena, ali reunindo centenas de trabalhadores. O centro da herdade, aliás, até igreja possuía, como se sabe.
Aqui ficam alguns frames desse documentário e também alguns rostos de jovens de então que ainda podem estar por cá e que talvez nos possam ajudar a contar melhor a história que ligou Castelo Cernado a esta importante herdade do Alto Alentejo.
O que diria, afinal, a criatura trigo aos homens e sobretudo a estes jovens que cumpriam velhos rituais à sombra de grandes pirâmides de cereal?
FERNANDA PIRES COMENTOU:
Aqui nesta representação fizemos todo o processo da transformação do trigo até chegar a farinha e por fim à hóstia consagrada, foi muito bonito, os cânticos que se cantavam eram lindos!