As vias e as pontes de época romana marcaram a identidade também do povo português, um dos que se serviu do latim para a raiz da sua língua.
A herança romana permanece perene, por isso, também no nosso território, que à época foi apenas um território periférico do império, onde tudo aqui chegou sem a força do que aconteceu no que é hoje a Itália, em França e até no Norte de África.
Mas a herança é forte, traduzida também na memória coletiva. Por isso, as ditas pontes romanas, mesmo quando não o são, sendo apenas de épocas posteriores, têm um valor que vai muito para além do seu valor patrimonial.
Sobre a pequena ponte da Ribeira da Venda, assinalada como romana, não vamos fazer mais considerações sobre a época da sua construção. É uma pequena ponte que muito provavelmente estaria numa estrada secundária construída em época romana, uma estrada que viria de Alvega, onde houve importante assentamento urbano, até Gavião, continuando paralela ao Tejo até ao território hoje de Nisa, onde 'pegaria' uma via de ligação norte-sul.
A grande via romana dessa época, é sábido, vinha de Mérida, capital da Lusitânia, por Cabeço de Vide e Alter, atravessando a ribeira de Seda na magnífica ponte de Vila Formosa e seguindo depois para Olissipo (Lisboa). Como dá para perceber, esta é uma ponte monumental que contém todos os elementos do 'caderno de encargos' da engenharia romana: aparelho de pedra almofadado e de alto recorte técnico, tabuleiro plano e arcos absolutamente simétricos e fechados à mesma altura.
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Uma ponte que nada tem a ver, por exemplo, com esta que podemos ainda apreciar no Chamiço, a que muitos chamam também romana. Até pode ser. Mas, tal como acontece com a ponte da Ribeira da Venda, aqui estamos perante pontes que não justificaram grande investimento e que provavelmente, mesmo sendo de época romana, não foram construídas a régua e esquadro, podendo ter sofrido alterações ao longo do tempo pois a sua solidez nunca foi igual à de pontes como a de Vila Formosa.