Em tempo já de Páscoa, desta vez antes da festa da revolução libertária, a notável vila do Crato ainda pode ser percorrida sob o silêncio da primavera que começa a florir. Lá mais para diante por aqui estará o festival de verão que dura uma semana e que põe a cabeça em água a alguns moradores.
Por ora, a pacatez, o velho e o novo casario e muito Alentejo para ver junto do Largo do Castelo.
O Crato já conheceu intensa atividade no sector da metalurgia e das moagens mas hoje vive na míngua de postos de trabalho e o turismo é, claramente, um dos seus grandes ativos.
O seu casco histórica apresenta muitas casas em declínio (e declive) evidente e dá para perceber que esta é mais uma sede de concelho do Alto Alentejo em depressão demográfica profunda.
A atual vila assenta provavelmente sobre a antiga cidade romana de Ucrate e foi conquistada por D. Afonso Henriques em 1161, tendo sido doada à Ordem dos Hospitalários, ou de Malta, em 1232, por D. Sancho II, o declarado rei inútil, ainda hoje sepultado em Toledo.
A Ordem de Malta tem aqui a sua sede desde 1350 e aqui casaram dois reis de Portugal: D. Manuel e D. João II, ou seja, seguidinhos.
Os vestígios do passado estão um pouco por todo o lado e podem ser apreciados não apenas nas ruas mas também no pequeno mas belo museu do município liderado por Joaquim Diogo, um duunviro muito acessível, que já vi a comer castanhas na rua enquanto ia cortar o cabelo ao meu novo barbeiro.
Não esquecer uma visita à Torre do Relógio [imagem de capa desta publicação], edifício do século XV recuperado em 2021, onde podem conhecer o mecanismo que aciona o relógio de pêndulo. A reabilitação custou 168 mil euros mas Bruxelas contribuiu com 143 mil euros.