Junta de freguesia da Comenda pediu à central solar para privilegiar postos de trabalhos de gente da terra


Para além do Arquivo Digital e Imaterial da Comenda foram mais quatro os pareceres de cinco entidades e particulares submetidos à Agência Portuguesa do Ambiente relativamente à construção das centrais solares fotovoltaicas da Margalha e do Polvorão. Uma dessas entidades foi precisamente a junta de freguesia da Comenda, na altura presidida por Carlos Alexandre

A Junta de Freguesia da Comenda referiu o seguinte: 

Os dados climáticos foram obtidos a partir dos dados da estação climatológica de Alvega existindo a possibilidade de serem obtidos através das estações meteorológicas existentes na área de intervenção do projeto, tal como a existente na localidade de Comenda, que refletiriam dados mais fidedignos bem como estar sujeitos a muito menos horas de “nevoeiro” a que está sujeito a de Alvega derivada à sua proximidade com o rio Tejo, o que iria aumentar bastante as horas insolação nesta área e assim aumentar o rendimento da central aqui projetada.


No capítulo das bacias hidrográficas é referido “na área em estudo não se encontram inventariadas captações de águas superficiais”. No entanto, no local designado de “vale de Frio”, confinante com a área a ocupar pela central existe uma captação de água explorada pelo Município, que, não obstante estar atualmente desativada pode vir a ser ativada em caso de necessidade ou emergência, desconhecendo-se qual o impacte que o projeto poderá ter na qualidade da mesma. 

Dado que nas áreas adjacentes à localização do projeto se tem verificado a existência de património arqueológico considerado importante e sendo expectável que aquando da movimentação de terras para implementação da central possam surgir novos artefactos ou construções, será garantido que os mesmos sejam devidamente referenciados, recolhidos e identificados? Considera, ainda, os seguintes impactes negativos: 

- A remoção da camada de solo fértil na área intervencionada: tratando-se de uma área essencialmente agrícola é expectável que após a intervenção, esta deixe de ser uma zona arável e/ou produtiva;

- O impacte visual e cénico na paisagem.

- O impacte ao nível da avifauna. Verificando a existência de várias espécies de aves ameaçadas (de rapina e outras) na área de intervenção, o percurso da linha elétrica de alta tensão de 13km, constitui uma grande ameaça às mesmas. • O impacte ao nível da flora. A implementação da Central implica o abate uma quantidade substancial de árvores na qual se podem destacar 825 sobreiros e um número não especificado de azinheiras, sendo que ambas são consideradas espécies protegidas.



Concluiu a junta de freguesia que, apesar de considerar que este projeto é bastante benéfico para a Freguesia, trás igualmente alguns aspetos negativos que julga poderem ser mitigados com a implementação de alguns projetos complementares na área da Freguesia de Comenda, dos quais sugere:

- Reposição, através de plantação, de número de árvores (de espécie protegidas) equivalente ao número de árvores abatidas, em áreas adjacentes;

- Instalação de unidades de produção fotovoltaicas, nos edifícios públicos, a fim de garantir a redução da fatura de energia;

- Requalificação/melhoria do edifício do Posto médico; 

- Apoio a um projeto de cariz social;

- Apoio para aquisição de um veículo para transporte da população das localidades da Freguesia ao Centro de saúde;

-  Implementação de projeto de valorização do Parque de Merendas da Ribeira da Venda, área adjacente ao espaço de implementação da Central. Por último, refere que seria de máxima importância que no preenchimento de postos de trabalho de venham a ser criados, seja dada prioridade aos residentes na Freguesia/Concelho, de forma a fomentar a fixação de famílias nesta região.