A Comenda, uma aldeia cujo fim é uma notícia perfeitamente exagerada

 


Quando 'aterrei' na Comenda, em outubro de 2021, o meu conhecimento sobre esta aldeia era um grande deserto coberto por um vazio.

Volvido um ano e meio, o meu conhecimento sobre a aldeia cresceu. Conheço melhor a sua história, os seus problemas e as suas expetativas.

O que posso dizer é que tenho uma visão positiva e otimista sobre o futuro da Comenda.

Sei que tem vindo a perder habitantes de forma brutal, estando hoje em pouco mais de 400, só na aldeia, e sei também que já teve mais de dois mil.

O 'já teve' costuma ser um problema para qualquer análise. Porque nunca se pode ter o que já não se tem.

A vida é um processo dinâmico e ficarmos agarrados a passados que no fundo podem não ter sido tão gloriosos quanto isso nunca ajuda.

Eu cá gosto da aldeia com esta dimensão, com esta tranquilidade e com estas gentes. É por isso que todos os dias me arrependo de não ter vindo para aqui mais cedo.

Não tenho uma bola de cristal para ver o futuro, nem tenho a pretensão de moldar esse futuro. O futuro constrói-se organicamente. Obviamente com a nossa presença e o nosso empenho.

Se todos formos fiéis a esta regra já será positivo. Aliás "positivo" é a palavra que devemos soletrar mais vezes, fugindo sempre da tentação de sermos donos do pedaço na perspetiva de uma utopia passadista e que nunca acontecerá.

Por isso, a morte anunciada da aldeia da Comenda é um exagero. Diria mesmo, uma parvoíce.