Mais algumas notas sobre o inverno demográfico que se sente também nesta zona do interior do país.
Gráfico e projeção de RICARDO BRANCONo caso concreto da Comenda, como já aqui referimos, o decréscimo populacional tem sido alarmante. Entre 2011 e 2021, segundo dados do Censos, a população da freguesia da Comenda decresceu de 810 residentes para 692, pouco mais dos 643 que havia em 1863.
A Comenda conheceu o seu apogeu demográfico nas décadas de 40 (2075 residentes), 50 (2263) e 60 (2011), conforme ficou registado no livro 'Gavião - Memórias do Concelho', da autoria de José Dias Heitor Patrão, editado novembro de 2003. A década de 70 fez decrescer a população para 1840, com a descida a concretizar-se nas décadas seguintes: 1475 residentes em 80, 1239 em 90 e 983 no virar\ do século e milénio. No seu apogeu populacional, na década de 50, a Comenda tinha apenas sensivelmente menos 800 habitantes que as duas freguesias mais povoadas do concelho, Gavião e Belver, estas últimas mano a mano, com a sede de concelho apenas com mais três habitantes (3020) que Belver.
Entre 1991 e 2001, a Comenda sofreu um colapso populacional de 20,7%, um número que devia ter acionado todos os alarmes. Na última década, esse saldo negativo foi de 22,5%, ou seja, em 20 anos a perda populacional foi superior a 42%, enquanto o concelho de Gavião em 2011 tinha ainda pouco mais de quatro mil residente (4132, concretamente) para registar 3338 em 2011.
Gavião não ficou longe, no Censos de 2021, do grupo dos cinco concelhos que mais habitantes perderam numa década: Barrancos (-21,8%), Tabuaço (-20,6%), Torre do Moncorvo (-20,4%), Nisa (-20,1%) e Mesão Frito (-19,8%). Aqui, a quebra foi de 17,8%.
Uma nota extra. No Censos de 1981, a aldeia da Comenda contava 902 residentes, Vale da Feiteira 283, Ferraria 204, Vale do Junco 44, Vale de S. João 38, Monte do Polvorão 12 e Polvorosas 4.
E agora atente-se nos dados de 1940, enviados por Montalvam, sendo VF total de homens e mulheres e V total de homens (varões).
Desculpem a insistência neste tema, que não será muito popular, mas urge mantermo-nos focados em soluções para a iminência de um 'evento de extinção' se nada for feito de imediato e com efeitos a longo prazo.