Um padrão no meio da planície celebra a vitória do Ameixial

 


A poucos mais de 60 quilómetros da Comenda, quando seguimos, pela Nacional 245, entre Sousel e Estremoz, transporta a pequena serrania, deparamos com um padrão aparentemente em sítio nenhum.

O monumento, que apresenta carateres romanos e uma coluna de mármore da região do anticlinal Borba-Estremoz-Pardais, celebra a vitória das tropas portuguesas sobre as espanholas em 8 de julho de 1663, naquela que ficou conhecida como Batalha do Ameixial ou do Canal. Hoje, a aldeia do Ameixial é também Santa Vitória por causa deste grande feito que não acabou com a Guerra da Restauração mas para tal deu grande contributo.

Sob o comando de Friedrich Hermann von Schönberg, chefe do Estado Maior do exército, chamado para combater o caos reinante no nosso exército após a restauração da independência (em dezembro de 1640), as forças portuguesas, reforçadas por ingleses e franceses, sofreram para bater o inimigo invasor. 

A vitória portuguesa foi complicada mas também esmagadora. Foram apreendidos ao exército espanhol 18 canhões, 2.811 cavalos, 5.000 carruagens, muitas delas com ouro e prata, 6.000 bois, 8.000 mulas, 6.000 granadas, 3.000 balas de artilharia, 2 coches de Príncipe e 25 coches particulares. Do espólio apreendido fazia parte ainda a secretária de D. João de Áustria.

O exército português sofreu aproximadamente 1.000 mortos entre os portugueses, trezentos mortes entre os franceses e cinquenta mortes entre os ingleses, num momento em que Évora tinha acabado de ser tomada pelos espanhóis, comandados por D. João de Áustria.

Junto ao padrão, o nosso olhar perde-se na planície ali à frente onde a batalha, que se prolongou por um dia e uma noite, teve o seu desfecho. Uma batalha que não se limitou a este campo de combate mas que envolveu também as encostas das serras Murada, da Espargueira, da Granja, de Tejos e o Monte Pelado.

O movimento da estrada não permite o silêncio necessário para um mergulho imaginário na ação da batalha, no barulho do trote dos cavalos, dos tiros de artilharia, no embate de espadas e piques e nos gritos e no horror dos que combateram. Há sempre um cheiro de morte em qualquer antigo grande campo de batalha varrido aqui e ali pela sombra de um vento de glória.

O obelisco, que é monumento nacional, continua a fazer não esquecer a História de uma guerra que assolou todo o Alto Alentejo, muito especial o Crato, nosso vizinho, de onde, conforme ainda hoje lembrou o dr. Jorge Graça, o Duque de Alba levou grande parte dos arquivos do antigo priorado, queimando o que não lhe interessou.

Outros tempos, outras querelas.