Cinco sepulturas escavadas na rocha aqui por perto (Gáfete)

 


O tema das sepulturas escavadas na rocha já aqui veio à baila por ser, em nosso entender, um tema a explorar para a valorização do património histórico e arqueológico do concelho de Gavião e da freguesia da Comenda.

Por isso mesmo, aqui trago a notícia de um trabalho dos arqueólogos Joana Valdez, Filipa Pinto e João Nisa que podem ler na sua versão completa clicando no link que segue neste parágrafo.

Em jeito de resumo, diga-se que resulta da elaboração da Carta Arqueológica do concelho de Nisa. Trata-se de um núcleo de sepulturas rupestres identificado pelo antigo caseiro, senhor Manuel Rosa (apesar da sua avançada idade, acompanhou os arqueológos nas visitas ao local), do Monte da Biscaia.

São cinco sepulturas dispersas pelo monte, quatro em par e uma mais isolada. As sepulturas encontram-se na freguesia de Gáfete (Crato), de que distam oito quilómetros, num terreno hoje apenas dedicado à pastorícia e ao cultivo de oliveiras e de sobreiros.



Uma das sepulturas é de forma trapezoidal e apresenta indícios de antropomorfismo (na imagem). Uma outra é retangular e tem contornos antropomórficos. A dita sepultura 3, por sua vez, é também retangular e revela um contorno em relevo bem definido, também apresentando sinais de antropomorfismo, tal como a sepultura 4. A sepultura 5 é de formato retangular bem definido e não apresenta sinais de antropomorfismo. Quando falamos de antropomorfismo estamos a falar sobretudo de sepulturas que contemplaram o assento da cabeça e dos ombros, normalmente aceites como da fase final deste tipo de sepultamentos que aproveitam afloramentos rochosos isolados, que terão perdurado até aos séculos XII/XIII. A partir deste período inicia-se a 'moda' dos sepultamentos em templos cristão ou no seu entorno.

Os autores do estudo colocam, embora com reservas, estas sepulturas no período final deste modo de sepultar que tem em território português milhares de evidências, de norte a sul, sobretudo quando existem bons afloramentos graníticos.

Neste mesmo trabalho refere-se que o repovoamento das regiões hoje de Nisa e de Castelo de Vide, no segundo quartel do século XIII, beneficiou bastante da vinda de gentes da região francesa do Languedoc, o que pode explicar a origem dos topónimos Nisa (Nice), Arez (Arles), Tolosa (Tolouse) e Montalvão (Montauban).