Luxo e requinte numa villa romana aqui por perto - a Horta da Torre

 


Sob a direção do arqueólogo André Carneiro, professor da Universidade de Évora, está a decorrer perto de Cabeço de Vide, não muito longe da Comenda, a oitava campanha arqueológica na villa romana da Horta Torre.

Tenho o privilégio de integrar esta equipa que conta com a presença também de dois estudantes espanhóis de arqueologia e que tem o patrocínio da Câmara Municipal de Fronteira, que disponibiliza toda a logística e nos acolhe nas magníficas instalações do centro de estágio que aproveitou as antigas casas dos ferroviários da hoje desativada estação de Fonteira (ramal de Portalegre).

Esta é uma villa muito especial pois, para além de estarmos a falar de quase um hectare de construção, apresenta um raro stibadium que em Portugal apenas se pode apreciar no Rabaçal. Estamos a falar do leito, neste caso em pedra, onde os senhores romanos faziam as suas refeições, deitadas ou inclinados, neste caso supostamente amparados por almofadas. É a estrutura que pode ser apreciada no primeiro plano e que tinha a particularidade de ter atrás um depósito de água que permitia que, durante as longas refeições, a água surgisse em cascatas e cobrisse toda a sala de quase 90 metros quadrados. Uma sala com paredes ornamentadas com mármore que veio de Beja e mosaicos. Não é preciso mais para que imaginem o ambiente requintado que ali se vive durante o século IV da nossa Era.

Não muito distante de Torre de Palma, a Horta da Torre caminha para ser uma referência da arqueologia romana em Portugal e talvez um dia possa ser visitada por todos nós.



Por ora, avançamos para mais uma semana de trabalhos, na companhia destas atentas observadoras.