Cultivo de cereais hoje não passa de uma memória

 


Esta imagem foi tomada desde Fronteira e abarca todo o território desde a sede deste concelho até Cabeço de Vide. São 12 quilómetros praticamente de zona cultivada sobretudo com olival e cereais. Uma paisagem completamente diferente daquela que podemos ver mais a norte, também na zona da Comenda.

"Há muitos anos que se abandonou o cultivo de cereais na Comenda o eucalipto ocupou esse espaço em muitas propriedades. Noutros tempos a herdade do Mato Brito, aquela após passar a Fonte e os lavadouros, eram terrenos de cultivo de cereais toda ela, tinha um sistema rotativo, ano após ano era cultivado um quarto da herdade, a essa área cultivada chamavam Folhas. Quem cultivava eram pequenos agricultores da Comenda que no fim da colheita pagavam uma parte da sua produção como aluguer do espaço cultivado. Infelizmente tudo acabou, vedou-se as herdades e meteu-se algumas cabeças de gado, para se dizer que se produz alguma coisa, porque o que interessa é a produção de cortiça que é o que dá dinheiro e muito", conta o comendense Jorge Graça.

O que acontece à volta da Comenda sucede também à volta de outras localidades do Alto Alentejo extremo, como, por exemplo, Montalvão. A propósito de Montalvão, aconselho que acompanhem esta página e o respetivo bloque.

Tudo muda e as grandes herdades de produção também se reconvertem. Não sei, talvez possam ajudar-me, se no Polvorão também se cultivaram muitos cereais. O que sei é que estamos cercados de floresta ou de herdades dedicadas à criação de gado e à lucrativa cortiça. E sei também que a mancha de olival intenso está a subir para norte na nossa parte do Alentejo, situação que será reforçada quando a barreira do Pizão, no Crato, estiver construída.